São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Casa de ferreiro

Pressionados pelo setor têxtil, os membros da Comissão de Economia da Câmara convidaram a ministra da Indústria e Comércio, Dorothea Werneck, para depor.
Discursos inflamados bradavam contra a ameaça dos tecidos e roupas importados e reclamavam do governo um sistema de cotas de importação igual ao que protege a indústria automobilística nacional.
Em minoria, só restava à ministra concordar com os deputados. Até que José Machado (PT-SP), num rasgo de autocrítica, penitenciou-se pelo fato de estar usando uma gravata coreana. Foi a dica que faltava. Dorothea levantou-se e passou a examinar os trajes dos demais membros da comissão.
Viu que o presidente, Pauderney Avelino, usava uma gravata americana. João Pisollatti, representante da indústria têxtil catarinense, vestia um paletó de microfibra chinesa. E o gaúcho Júlio Redecker, defensor dos calçados nacionais, usava gravata japonesa.
Para divertimento da ministra, os únicos presentes que estavam 100% nacionais eram ela própria e o prefeito de Americana (SP).

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