São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Ford concede reajuste de 6,44% fora da data-base

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em negociação realizada ontem, a Ford concordou em conceder reajuste de 6,44% sobre os salários de 1º de julho aos seus mais de 14 mil funcionários.
O índice corresponde ao IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em Real) acumulado em abril, maio e junho. Em abril, a inflação anterior já havia sido reposta.
O resultado da negociação demonstra que categorias fortes, como os metalúrgicos do Estado de São Paulo, vão continuar a repor as perdas com a inflação mesmo fora da data-base e apesar da desindexação salarial.
O próximo dissídio dos metalúrgicos da Ford é em novembro.
A reposição do resíduo do IPC-r acumulado até junho é garantido por lei, mas na data-base. Os 6,44% de reajuste são, na realidade, antecipação deste reajuste, e devem ser descontados.
Durante as negociações de ontem, a empresa propôs ainda o pagamento de abono de R$ 500 no dia 17 mais R$ 1.700 em dezembro para todos os funcionários, a título de participação nos resultados no último ano.
A Ford anunciou ainda que as férias coletivas da unidade na cidade de São Paulo, no bairro do Ipiranga, previstas para durarem dez dias e começarem no próximo dia 17, foram canceladas. A Ford Ipiranga, como é conhecida, emprega 2.200 trabalhadores.
``Eles só estavam enrolando a gente com essa coisa de férias coletivas. Queriam que a gente não pedisse mais participação nos lucros", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical.
Ficam mantidas as férias coletivas que começam no dia 17 para os cerca de 8.000 trabalhadores da empresa no ABCD paulista.
Segundo a Folha apurou, a proposta da Ford será defendida pelos sindicatos dos trabalhadores nas assembléias e deve ser aprovada sem maiores resistências.

Autopeças
Também o setor de autopeças, forjaria e parafusos está negociando com os metalúrgicos da Força Sindical a participação nos lucros.
``O grande avanço, no meu entender, é que pela primeira vez essa questão é negociada por setor, e não por empresa", disse Paulinho.
O objetivo é estabelecer parâmetros que podem definir a participação nos resultados a que terão direito cerca de 180 mil metalúrgicos, disse Paulinho.

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