São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Doença mudou a vida do artista em 1792

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Goya foi o primeiro artista a ser um homem de seu tempo transcendendo-o também. Dirigia críticas às espécies de sua sociedade e época e atingia o gênero humano.
Futuramente perseguido pela Inquisição e censurado pela corte, Goya começou querendo subir na vida. Aos 13 anos pintava em igrejas o que eram pouco mais que diversões rococós da aristocracia.
Nascido em Fuendetodos, perto de Saragoça, filho de ourives, Goya tentou por duas vezes entrar na Academia Real e fracassou; então, em 1766, foi trabalhar no ateliê de Francisco Bayeu em Madri.
Bayeu fazia trabalhos para o rei. Mas só em 1789 Goya se tornou o que queria: pintor da corte. Nessa época desenvolveu um talento que apenas Velásquez e Rembrandt tiveram igual: o de retratista.
``Tenho apenas três mestres", dizia, ``Velásquez, Rembrandt e a natureza." A natureza foi mudar sua vida em 1792, quando tinha 46 anos. Uma doença -talvez a pólio- o abateu e deixou surdo. Outra sequela: sua arte ganhou amargura e fantasia.
Quando, em 1808, Napoleão invadiu a Espanha, registrou as cenas brutais nas gravuras ``Desastres de Guerra" e em telas como ``3 de Maio de 1808". Nesta retratou um fuzilamento. Fez com pinceladas ágeis o homem prestes a ser atingido, braços ao alto, mostrar uma expressão ambígua -entre a desilusão e o medo- contrastada com a firmeza dos soldados alinhados à sua frente.
Aí já se iniciara a lenda de Goya como um individualista provocador. Era um gênio inédito. (DP)

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