São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

`Caprichos' ficaram 40 anos ocultos no depósito da Corte

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Goya fez ``Os Caprichos" -que a editora Imaginário lança em livro, com ensaios, em setembro- entre 1793 e 1796. São críticas ácidas dos costumes sociais e sexuais de seu tempo.
Alguns modelos são aristocratas com quem Goya mantinha casos amorosos -como a duquesa d'Alba, título de uma de suas telas mais famosas e modelo de outra, ``A Maja Desnuda" (1805).
As gravuras ficaram 40 anos no depósito da Corte, sem que ninguém pudesse vê-las. Goya foi considerado politicamente suspeito e, diz Hughes, passou a separar o homem público do privado.
E sua arte -como nas séries de gravuras posteriores, ``Desastres de Guerra" (1810) e ``Os Desesperados" (1819)- foi ganhando expressividade sem se tornar panfletária ou romântica, como mostra a gravurista brasileira Fayga Ostrower em ensaio no livro.
Sua célebre frase num dos ``Caprichos", ``O sonho da razão produz monstros", não defende o irracional, mas apenas reconhece sua força. Goya ficou, espantosamente, a meio caminho entre o racionalismo ingênuo de Rousseau e o irracionalismo perverso de Sade.
(DP)

Texto Anterior: Doença mudou a vida do artista em 1792
Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.