São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Correio eletrônico supera as previsões

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Os livros serão substituídos pelos CD-ROM, os jornais vão sucumbir diante das redes on line e as lojas perderão clientes para os shopping centers eletrônicos.
Quando a revolução da informática ganhou impulso, no início dos anos 90, era possível encontrar experts bancando todas essas previsões. Mas, pelo menos nos Estados Unidos, estamos hoje em pleno período revisionista.
Só houve um setor em que a realidade parece ter excedido a previsão dos que se entregaram à futurologia: o sucesso absoluto do correio eletrônico.
Na busca de um parceiro romântico, em campanhas para a arrecadação de fundos, no troca-troca de mensagens do dia-a-dia, o chamado e-mail é um fenômeno.
Os usuários da rede mundial de computadores Internet e das redes comerciais americanas -CompuServe, America Online e Prodigy- concordam: o correio eletrônico é um dos maiores atrativos para quem embarca no ciberespaço e uma ameaça concreta ao futuro dos carteiros.
Não é por acaso que os informatizados batizaram a tradicional troca de cartas de ``snail mail", ou correio das lesmas.
Hoje em dia, de uma mesa em um escritório doméstico em Nova York é possível disparar uma mensagem eletrônica que, em questão de segundos, vai bater em Nova Delhi via Internet. Sem papel, sem fila, sem ter que lamber o selo. Uma carta levaria 15 dias para chegar. Se chegasse.
Desde 1988, a troca de correspondência entre empresas americanas caiu 33% por conta da revolução do fax e do correio eletrônico. Por enquanto, só cerca de 15 milhões de americanos estão conectados em uma rede e podem trocar mensagens por computador. Mas o número não pára de crescer.
Diante de seu próprio necrológio, os correios estudam planos para implantar quiosques eletrônicos em suas agências. Neles, qualquer pessoa poderia consultar uma lista de endereços da Internet e mandar mensagens via computador. Mediante o pagamento de uma taxa.
O maior sucesso do e-mail é nas empresas: mil das maiores companhias americanas já adotaram o sistema para que seus funcionários troquem dados, recados e informações sem sair de seus terminais. Até a fofoca que se fazia no cafezinho agora viaja de mesa em mesa via computador.
Mas é preciso cuidado para garantir a privacidade. Segundo pesquisa da revista ``Mac World", 22% das mil empresas consultadas se dão o direito de checar o correio eletrônico dos empregados. Alegam que é preciso avaliar a produtividade, investigar furtos e combater a espionagem comercial.
Por outro lado, só 18% delas adotaram um código para proteger a privacidade dos funcionários.
Alheio a esse debate, Jack Miller, funcionário de uma empresa de New Jersey, agradece até hoje a implantação do correio eletrônico.
Ele trabalhava sozinho em um escritório quando começou a sentir uma forte dor no peito. Diante do computador, escreveu: ``Socorro. Passo mal. Preciso de ajuda".
Uma tecla disparou a mensagem para 80 terminais da companhia. Os colegas chegaram a tempo de ressuscitá-lo até a chegada da ambulância. Algo que nem o mais rápido carteiro do mundo poderia resolver.

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