São Paulo, sábado, 15 de julho de 1995 |
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Isaak está triste para sempre em seu novo álbum
BIA ABRAMO
O que destaca Isaak é sua a capacidade de criar uma atmosfera de melancolia e desalento de uma densidade quase insuportável. O mundo que emana de sua guitarra -que é competentíssima, sem a tentação do virtuosismo pedante- está impregnado de blues, na acepção adjetiva da palavra: a infinita tristeza do amor perdido. Chris Isaak surgiu em 1985, com "Silverstone". O baixista Rowlan Salley e o baterista Kenney Johnson estão com Isaak desde então. É de seu terceiro disco, "Heartshaped World", de 89 (o segundo é "Chris Isaak, 87), seu único grande hit, "Wicked Game", que entrou nas paradas do mundo todo. Em "Forever Blues", disco que começou a ser trabalhado depois da separação de uma namorada de anos, ele confirma essa disposição desgostosa com o mundo, o amor e a mulher. Em cada uma das 13 faixas, ele confirma, como se fosse uma maldição, essa condição de estar "forever blue, ou seja, eternamente triste. "Forever blue because you love her/ But she doesn't love you" (Triste para sempre porque você a ama, mas ela não te ama, em uma tradução literal). Simples -e, de certa forma, a maior complicação da vida- assim. No décimo ano de sua carreira -seu primeiro disco é "Silverstone" (85)-, Isaak leva, em letras e melodias, às últimas consequências, esse imaginário da infelicidade. Cada letra de "Forever Blue" traz imagens de lágrimas, desolação afetiva, mulheres que partem, saudades. O problema, neste disco, é que por vezes, Isaak ultrapassa o limite do sentimentalismo e da autopiedade. Em vez de chorar, em algumas canções ele apenas choraminga -o que é um pouco, digamos, chato. Melhor não ouvir esse disco em um dia cinzento e chuvoso: o impulso de pular pela janela pode ser irresistível. Disco: Forever Blue Artista: Chris Isaak Lançamento: Warner Preço: R$ 20 (o CD, em média) Texto Anterior: Persistência é dom do iluminado Próximo Texto: Coletânea do Hoodoo Gurus antecipa show Índice |
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