São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Pais ingleses só dedicam 40 segundos por dia para aos filhos

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Quantos minutos por dia os pais dedicam com exclusividade a seus filhos durante a semana? Em recente pesquisa realizada nos Estados Unidos, a resposta foi: entre 15 e 20 minutos.
Parece pouco? Os pesquisadores, pelo visto, acharam muito e decidiram fazer um teste. Instalaram microfones nos pais e nas crianças e chegaram a uma chocante conclusão.
Em média, os pais consultados na pesquisa dedicam incríveis 40 segundos diários a seus filhos, divididos em três encontros de dez a 15 segundos cada.
Esta informação pode ser encontrada no livro ``O Pai de Sessenta Minutos" (``The Sixty Minute Father", edit. Hodder & Stoughton, 110 págs., US$ 8), publicado no Reino Unido em junho.
O autor, Rob Parsons, 46, é advogado e diretor-executivo da entidade sem fins lucrativos Proteção à Família (``Care for the Family"), que organiza seminários sobre temas relativos à família.
O livro, que já vendeu cerca de 20 mil exemplares e está em 19º lugar na lista dos mais vendidos do jornal ``The Sunday Times", é um manual de auto-ajuda dirigido a pais extremamente ocupados.
Foi concebido de forma a que pudesse ser lido em apenas uma hora, daí a escolha do título. Se o leitor não dispuser desse tempo, pode ler apenas as quatro ``páginas de 60 segundos", um resumo das principais idéias do autor.
Se for, entretanto, um fanático pelo trabalho, o leitor tem ainda, segundo Parsons, uma última chance de se salvar: ler a ``página de um segundo", que contém a principal mensagem do livro. ``Lembre-se da maior de todas as ilusões e acredite...um dia mais tranquilo não vai chegar nunca!"
Para Parsons, os homens dedicam pouco tempo aos filhos não por serem maus pais, mas por não conseguirem equilibrar vida profissional e familiar. ``A necessidade de competir tornou o homem muito inseguro", afirmou o autor em entrevista à Folha, na última quinta-feira, em Londres.
``Para mostrarmos que somos bons profissionais, muitas vezes inventamos trabalhos desnecessários", diz. Para ele, as mães enfrentam a mesma dificuldade, mas, em geral, conseguem conviver mais com as crianças.
Segundo o autor, os pais alimentam a ilusão de, num futuro próximo, poder dedicar mais tempo para a família. A resposta padrão aos pedidos dos filhos é ``vamos deixar isso para amanhã".
Quando o dia mais calmo finalmente chega, diz o autor, os filhos já estão crescidos e serão eles a dizer ``amanhã a gente se encontra".
Segundo Parsons, se os pais derem atenção aos filhos quando pequenos, provavelmente terão bom relacionamento com eles durante a adolescência e na idade adulta.
``Quando estiver com seu filho", diz, ``concentre-se na criança e mostre o quanto ela é importante". ``O Pai de Sessenta Minutos" deve ser lançado em vários países da Europa e dos EUA nos próximos meses. Não há planos para o lançamento no Brasil.

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