São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Artistas usam e aprovam os parques de São Paulo

HELOISA BOURROUL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Eles divertem o público nos teatros e têm pouco tempo para relaxar, mas procuram a mesma forma de lazer que 1,2 milhão de paulistanos usufruem todo mês na capital. Os atores Patrícia Travassos, Luís Mello e João Signorelli são fãs dos parques de São Paulo.
A carioca Patricia Travassos, 43, toda vez que vem à cidade para encenar a peça ``Capital Estrangeiro" diz sentir ``uma sensação de claustrofobia".
Ela vai ao Ibirapuera para aproveitar a variedade de equipamentos de lazer distribuídos nos 1.584.000 metros quadrados do parque.``O contato com a natureza e os exercícios físicos são essenciais para a boa saúde", diz.
O Ibirapuera é o primeiro do ranking dos parques, segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha no mês de janeiro sobre as condições das áreas verdes da cidade.
Patrícia acha que os paulistanos subutilizam o Ibirapuera: ``Na Inglaterra, as pessoas fazem lanches rápidos, até almoçam nos parques. Aqui, apesar de ser perto do centro, ninguém usa o parque para isso", diz.
Patrícia considera o parque de acesso muito fácil, diferente do que ocorre no Rio, onde as áreas verdes urbanizadas ficam ``distantes do centro".
O parque traz boas recordações a Patrícia. Foi depois de uma visita ao Ibirapuera, quando tinha seis anos, que ela pensou em ser astrônoma. ``Fiquei tão impressionada com o planetário, que cheguei a prestar até vestibular para astronomia, muitos anos depois".
Apesar de gostar muito do parque, Patrícia considera que há falta de cuidado com a manutenção.
O ator Luís Mello, 37, do elenco da peça ``Gilgamesh", já foi mais assíduo no parque da Aclimação, que fica na zona sul da cidade. Hoje, ele aponta o aumento do número de visitantes com um dos motivos do ``sucateamento" do parque.
``O parque já foi um retiro seguro, mas hoje está perigoso", diz Mello. Para ele, o local está ``abandonado". ``O lago está poluído, os jardins estão malcuidados", diz. Mello constata o mesmo que a pesquisa Datafolha feita no início do ano. Na época, o parque da Aclimação recebeu nota zero no quesito segurança.
Como alternativa, Mello recomenda o parque da Luz, na zona centro. O ator visita o parque quando vai à Pinacoteca do Estado. ``O prédio do museu, o parque e a Estação da Luz formam um conjunto arquitetônico maravilhoso", diz.
O parque mais antigo da cidade, inaugurado em 1825, é o local escolhido por Mello para decorar seus textos e relaxar, observando ``encontros de aposentados" nos finais de tarde durante a semana.
Mello também procura sossego na Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, no Morumbi, zona sul.``Um parque menor, para menos gente", diz. Seu passeio pelo bosque termina, por vezes, no salão de chá. ``É um lugar requintado", finaliza.
O ator João Signorelli, 37, sobe ao palco para representar ``O Diário de um Mago" e pratica tai chi chuan no parque Alfredo Volpi, no Morumbi.
Ele percorre as trilhas sem asfalto do parque. ``É um dos locais mais tranquilos para os exercícios que faço", diz.
No Alfredo Volpi, as crianças estão em desvantagem por causa do mau estado de conservação dos brinquedos. Os cães soltos e as bicicletas são proibidos - uma vantagem, segundo Signorelli, que sempre sua filha ao parque. O restaurador Luiz Alberto Mendes, 25, usa o parque para pintar. Signorelli também gosta da amplitude do Parque Villa-Lobos, zona oeste. ``O parque serve também para jogar futebol", diz. Signorelli elogia o planejamento do local.
O Horto Florestal, na zona norte, já fez parte do cotidiano de Signorelli. Signorelli começou a frequentar o parque no começo dos anos 80, para assistir às aulas da bailarina Juliana Carneiro da Cunha. Juliana dava aulas ao ar livre, para uma turma que incluía Bruna Lombardi, Carlos Augusto Strazzer e Carlos Alberto Riccelli.
Na semana passada, ao visitar o Horto, Signorelli aprovou o estado de conservação dos jardins do parque. ``Fiquei emocionado", disse. Mas faz uma alerta: ``Sei que muitos peixes morrem por causa da poluição no lago".

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