São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Fernando Henrique critica manifestantes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um pronunciamento em rede nacional de rádio e tv para tentar esvaziar o protesto dos agricultores, que pretendem ocupar Brasília. FHC voltou a dizer que não vai aceitar a principal reivindicação dos agricultores, que é a redução da dívida do setor já vencida.
``Há uma coisa que não posso fazer. Aceitar o calote", disse FHC. Ele disse que a renegociação das dívidas está sendo articulada por ```algumas minorias", incluindo os organizadores do ``caminhonaço" de Brasília.
O presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Antônio de Salvo, disse que o governo ``está fazendo cortina de fumaça".
Salvo afirmou que os produtores não querem um calote. ``O que contestamos é a cobrança abusiva da TR nos financiamentos rurais".
FHC não anunciou nenhuma medida nova em benefício do setor. Limitou-se a fazer um histórico das medidas que foram acertadas nas negociações anteriores.
Entre estas medidas, FHC destacou o fim da cobrança da TR (Taxa Referencial de Juros) para os empréstimos rurais com valores menores de R$ 150 mil.
Estes empréstimos serão financiados com juros de 16% ao ano, menores que os de mercado.
Além disto, o presidente lembrou que o Banco do Brasil já liberou R$ 700 milhões de financiamento para a safra deste ano.
Mais R$ 1,4 milhão deve ser liberado nos próximos dias. Deste total, R$ 700 milhões virão da parcela dos depósitos à vista que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central. Outros R$ 700 milhões serão emprestados para as cooperativas, que os repassarão aos pequenos produtores.
Salvo diz que todas estas medidas já tinham sido anunciadas. ``O governo está anunciando como novidade a liberação de recursos que já estavam previstos no projeto de financiamento da safra", reclama.
O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Alcides Modesto (PT-BA), considerou o pronunciamento de FHC ``demagógico". Para ele, o governo ``trata a agricultura como a gata borralheira do seu governo".
O deputado viajou da Bahia para Brasília para participar do protesto nacional do agricultores.

LEIA MAIS
sobre a crise agrícola na pág. 1-8

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