São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Estreantes empolgam no segundo dia do Phytoervas

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Aconteceu, então. O público do Phytoervas Fashion se empolgou, finalmente. E com os estreantes. Primeiro, com os bofes (sempre eles) de Jeziel Moraes -impecáveis meninos que passeiam entre as atuais tendências para o homem urbano, às vezes moderno, às vezes casual.
Depois, com a moda desconcertante de Eduardo Ferreira, estilista pernambucano que parece ter sido escolhido pela comissão do evento para o momento ``brasileiro", lugar antes ocupado pelas artesãs da Rocinha. Mas ele vai além disso.
Ferreira -autêntico criador- aciona os valores nordestinos (e nacionalistas) resgatados no pop primeiro pelo movimento musical do mangue-beat, de Chico Science e Mundo Livre S/A. Assim, vale-se de assumir a identidade do homem-caranguejo, que vive de sobras no mangue.
A moda de Eduardo também é assim. Tanto que, no desfile, por duas vezes seus modelos reproduziram com as mãos os gestos do alicate, símbolo do movimento.
Os caranguejos são mote, bem como as doces pastoras das festas populares do Nordeste que abriram o desfile em looks brancos em vestidos e calções infantis.
Vieram depois os blazers em juta, as peças em crochês de sizal tingido (efeito tapete de cozinha), inacreditavelmente bem modeladas formas de vestidos longos e saionas de chita.
Todo o material vem do Nordeste. Tudo é original e barato. Sim, sim, sim: os vestidos de estampas de bumba-meu-boi à la Keith Haring; o cruzamento do fashion com o regional na organza estampada com caranguejos.
Eduardo Ferreira trabalha bem com seus próprios ícones -sejam os tais caranguejos ou os autênticos personagens da cena de Recife, forró ao vivo, o som do mangue-beat que lhe serviu de trilha. Eduardo Ferreira é um ``marqueteiro", como se diz aqui no Sul Maravilha. Nisso, como na moda que faz, é igualmente talentoso.

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