São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995 |
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``Apocalypse Now" é guerra pessoal de Francis Ford Coppola
INÁCIO ARAUJO
A filmagem na selva, a falta de dinheiro, a doença de Martin Sheen, o estrelismo de Marlon Brando: cada um desses momentos, por si, é um épico à parte; cada um termina por dar ao filme sua dimensão apocalíptica. Tratava-se de adaptar "O Coração das Trevas", o belo romance de Joseph Conrad, em que o colonialismo inglês está implicado até a raiz dos cabelos, transpondo-o para o Vietnã, onde os Estados Unidos se afundaram do mesmo jeito. Uma idéia que Francis Ford Coppola herdou de John Milius (que ficou com o crédito de roteirista, embora não aceitasse sua forma final). Não resultou um filme contra a guerra. É, antes, uma constatação das trevas, da abjeção, do horror. Algo em que o personagem de Sheen mais se afunda, na medida em que atravessa o rio que o levará ao enlouquecido coronel Kurtz. Coppola sabia o que dizia, quando comentou que este não era um filme sobre a guerra. Ele era a própria guerra. É bem a sensação que fica para o espectador, onde ecoa a célebre frase de Samuel Fuller, para quem o cinema é um campo de batalha. "Apocalypse" é o feliz encontro entre forma e fundo. Texto Anterior: `Amor Bruxo' indica renascimento do musical Próximo Texto: Chicago confronta o Monet vanguardista com o reacionário Índice |
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