São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Bomba! Prefiro ser hippie a ser hype!

JOSÉ SIMÃO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bomba! Bomba! Simão Emergência! Virei hype! Fui a um desfile de moda na Phytoervas ou Micoervas. Vida de hype é dura! Cadeira tão apertada que no próximo ano eu só vou levar meia bunda. Rarará!
E aguentar aquela fila indiana de modelos punc punc punc até o fim da passarela? A ida não é nada. O pior é que elas voltam! Podia botar um alçapão no fim da passarela! Elas caíam lá, vuuump e já entrava a próxima.
O grande paradoxo: em desfile de roupa, o maior sucesso é bofe sem roupa. O que prova que o povo gosta é de gandaia! E mais um bofe de sunga e o Micoervas vai virar A Noite dos Leopardos!
E como disse uma amiga minha: bofe faz sucesso porque com todo respeito, você já viu uma modelo pelada? Rarará! E aquela com laço embaixo do furico. Com tanto lugar pra botar um laço, foram botar justo embaixo do furico. Como é o nome do modelito? Fiz cocô no laço! Rarará!
E aquela outra de bustiê e saião Gal a Todo Vapor? Mamãe é Hippie. Hippa na Xulipa. O grande sucesso das passarelas: os marinheiros de Jorge Kaufmann e Jeziel. Todas gostam de marinheiro. Marinheiro é bom porque vai embora e não conta nada!
Era tanta coisa esdrúxula e brilhosa que parecia a apresentação do Circo de Moscou. E segundo paradoxo: estilistas brincam de Paris, mas a moda em São Paulo é jeans e camiseta. E no Rio jeans sem camiseta!
E as editoras de moda? Entediadas na primeira fila de óculos escuros e mascando chiclete. Pareciam aquelas vacas entediadas encostadas no arame farpado. Também, depois de três noites enfurnadas vendo aquelas roupas, qualquer um vira zumbi! Rarará!
E na saída, os manobristas: ``Dez reais". Os estilistas badalam, mas quem fatura é o manobrista? Adorei o desfile. Mas é pra gente sair na rua daquele jeito? Rarará. Vai indo que eu não vou. Nunca me diverti tanto!

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