São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Ocidente vai lançar ataque maciço contra os sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França decidiram ontem em Londres usar a força para proteger os encraves muçulmanos na Bósnia. A Rússia, outro país que media a paz para a guerra civil na região, foi contra e defendeu a saída negociada.
Os aliados ocidentais decidiram pelo uso de ataques aéreos maciços feitos pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) caso os sérvios avancem contra os encraves, opção defendida pelos norte-americanos.
"A situação é intolerável", disse o ministro das Relações Exteriores britânico, Malcolm Rifkind.
Enquanto transcorria a reunião de 16 países, que durou oito horas, os sérvios da Bósnia e da Croácia prosseguiam seus ataques (leia texto abaixo à direita).
O acordo definiu, além dos ataques aéreos, que a Unprofor (sigla inglesa para Força de Proteção da ONU) deve ser reforçada e que a Força de Reação Rápida deve ser posta em ação com o apoio de mais mil soldados franceses.
Essa força é uma unidade de 12 mil soldados britânicos, franceses e holandeses formada pela ONU para intervir em caso de perigo contra suas tropas. Seus limites de ação, porém, não foram definidos.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, fez pronunciamento defendendo o resultado da reunião. Disse que seu país está pronto para ajudar -sem mandar tropas.
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, não havia comentado o resultado da reunião até as 19h30 de ontem (horário de Brasília).
"Não há acordo, consenso geral para o assunto. Estamos preocupados com o que pode acontecer agora que a negociação foi abandonada", afirmou o chanceler russo, Andrei Kozirev. Para ele, a resolução vai levar a um estado de guerra ampliado na região.
O acordo não esclarece o papel da ONU. Segundo William Perry, secretário de Defesa dos EUA, o comando das forças de paz na Bósnia será consultado. Perry, porém, não disse se a ONU terá poder de veto à decisão de atacar.
A ação dos aliados não foi submetida oficialmente ao Conselho de Segurança e à Secretaria Geral da ONU, diferentemente do que aconteceu em operações ocidentais nos últimos anos -como a Guerra do Golfo, em 1991.
Questionado se o enviado da ONU para a ex-Iugoslávia, Yasushi Akashi, seria consultado na hora de atacar, um diplomata norte-americano que participou da reunião em Londres disse: "Não".
O encrave de Gorazde e o sítio a Sarajevo foram tornados os "pontos de honra" dos aliados ocidentais. Para o primeiro-ministro francês, Alain Juppé, a defesa de Gorazde é o "marco para o fim da escalada da guerra".
A França foi o primeiro país a defender abertamente a opção militar para a guerra na Bósnia.

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