São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Islâmicos rejeitam embargo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grupo de países islâmicos que ajuda a mediar o conflito na Bósnia declarou ontem que o embargo de armas aos muçulmanos bósnios não tem mais validez.
Desde 1992, quando começou a guerra na ex-república iugoslava, a ONU proibiu a venda de armas tanto para bósnios muçulmanos quanto para os sérvios da Bósnia.
Mas os sérvios já tinham um Exército formado, baseado nas milícias militares que eram mantidas pelas tropas federais da ex-Iugoslávia, cujas Forças Armadas eram pró-sérvios.
"Nossos irmãos muçulmanos têm que se defender", disse o chefe negociador marroquino, Adbelatif Filali, durante a reunião ontem em Genebra (Suíça).
O grupo é formado por Irã, Egito, Turquia, Arábia Saudita, Marrocos, Malásia, Paquistão, Senegal e Bangladesh. A Organização da Conferência Islâmica, entidade que reúne 52 países de governo muçulmano, disse que a posição da ONU deve ser revista.
O ministro das Relações Exteriores da Bósnia, Mohamed Sacirbey, participou do encontro e disse ter recebido propostas para ter suas tropas rearmadas. "O compromisso é concreto e poderemos resistir assim ao agressor", disse.
Sacribey não disse quais países ofereceram as armas. O rearmamento bósnio é condenado pela ONU, aliados ocidentais e russos, que vêem na medida o risco de uma conflagração na região dos Bálcãs.
Segundo a organização islâmica divulgou ontem, tropas muçulmanas que participam das forças de paz da ONU na Bósnia (como as jordanianas) vão continuar no país caso haja uma retirada.
"Não podemos deixar os bósnios sozinhos", disse uma nota da Arábia Saudita, que qualifica os sérvios de "novos cruzados", em referência aos cristãos que participaram de batalhas contra os muçulmanos na Idade Média.
A discussão religiosa é mais um componente na guerra da Bósnia. Os muçulmanos reinavam sobre os Bálcãs do século 14 até 1877, quando acabaram derrotados pelos cristãos. Os bósnios islâmicos eram, antes do século 14, cristãos como os sérvios que combatem.

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