São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Sérvia vai reconhecer Bósnia, diz UE

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O mediador da UE (União Européia) para o conflito na ex-Iugoslávia, Carl Bildt, anunciou ontem que conseguiu um acordo para que a Sérvia reconheça a independência da Bósnia.
"Conseguimos, tecnicamente", disse o sueco. Segundo o ministro das Relações Exteriores da França, Hervé de Charette, o presidente sérvio Slobodan Milosevic teria concordado em reconhecer a Bósnia em troca do fim das sanções econômicas contra seu país.
Os EUA, por sua vez, afirmam que o acordo não foi acertado em uma nota divulgada no começo da noite de ontem. A UE não comentou a reação norte-americana.
Milosevic preside a atual Iugoslávia (federação composta pela Sérvia, Montenegro e Macedônia) e desde 1992 sofre embargo econômico determinado pelas Nações Unidas devido a seu apoio aos sérvios da Croácia e da Bósnia.
Nas duas repúblicas vizinhas, que se separaram da Iugoslávia em 1991 e 1992, respectivamente, os sérvios estão em guerra civil para se unificar à Sérvia.
A decisão de Milosevic, caso seja confirmada, isola definitivamente os sérvios da Bósnia, país onde a guerra civil é mais grave.
Na Croácia, a situação está estabilizada desde maio, quando o governo do país retomou uma parte da autoproclamada "República Sérvia da Krajina" -o território sérvio no país.
Segundo a agência de notícias sérvia "Tanjug", o governo de Belgrado enviou um telegrama aos sérvios bósnios pedindo uma trégua nas ofensivas contra os encraves muçulmanos.
O psiquiatra Radovan Karadzic, líder dos sérvios da Bósnia, tinha em Milosevic um aliado no começo da guerra.
Com o estrangulamento econômico da Sérvia, Milosevic passou a criticar sua campanha na Bósnia e reivindica junto ao colega sérvio bósnio uma saída negociada.
Karadzic não comentou o caso em seu quartel-general, em Pale, que foi atacado por forças bósnias ontem. Suas tropas comandam a maior ofensiva simultânea contra encraves muçulmanos da guerra.
Segundo o chanceler muçulmano da Bósnia, Mohamed Sacirbey, se a atual Iugoslávia reconhecer a Bósnia, o mesmo ocorrerá por parte de seu governo. "Temos uma política de reciprocidade", disse.
Para a ONU, Estados Unidos e Rússia, que também mantiveram negociações com Milosevic, o reconhecimento da Bósnia é um dos fatores "essenciais" para o fim da guerra na região.

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