São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Covas espera solução rápida para Banespa

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas tem dito a interlocutores com quem discute a proposta de acordo para o Banespa, o Banco do Estado de São Paulo, que está animado com o andamento das conversas com o governo federal.
Por mais que para o público Covas e o presidente do BC (Banco Central), Gustavo Loyola, digam que nada está fechado, o governador tem deixado claro que espera negociar a aprovação de sua proposta na Assembléia Legislativa na primeira semana de agosto.
Para assinar o acordo com o BC, Covas tem que obter autorização da Assembléia para alienar ações do banco, já que o governo do Estado deve deter no mínimo 66% das ações do Banespa, por imposição legal. A privatização do Banespa continua sendo uma exigência do BC (Banco Central) para que o acordo que porá fim à intervenção seja assinado entre os governos paulista e Federal.
Covas, que iniciou seu governo com o Banespa já sob intervenção, rejeitava a possibilidade de privatizar o banco. Mas segundo a Folha apurou, foi convencido de que não há saída melhor para salvar a instituição. Segundo a proposta em negociação, os funcionários poderiam participar diretamente da administração do banco, aumentando o volume de suas ações dos atuais 14% para 20%.
A negociação entre Covas e o BC começa por estabelecer uma composição para os R$ 12,5 bilhões da dívida do governo do Estado com o Banespa.
Reconhecendo que a liquidação (fechamento) de um banco como o Banespa teria repercussões perversas no mercado financeiro (o Banespa é o segundo banco brasileiro em termos de ativos no exterior, segundo o presidente do BC Gustavo Loyola), o governo federal acena com um empréstimo de R$ 6 bilhões para o governo paulista.
Como garantia de pagamento, o governo paulista oferece o repasse do FPE (Fundo de Participação do Estado). O prazo para o pagamento poderia ser de até 25 anos.
Os R$ 6,5 bilhões restantes seriam assumidos pelo governo paulista, dando como garantia patrimônio do Estado e ações estatais.
Neste ponto, as exigências do BC são mais rígidas. O governo de São Paulo poderia fazer a privatização do banco em duas etapas, vendendo de início 16,7% das ações e ficando com 50% mais uma ação com direito a voto.
Só que desde já, o governo teria de nomear um depositário para outros 20% das ações que lhe conferem o controle da instituição. Este depositário venderia as ações passado um prazo de cerca de 12 meses após a assinatura do acordo. Todo o dinheiro apurado com a venda de ações do governo no Banespa será usado para abater a dívida do Estado com o banco.
No final, o Estado ficaria com 30% das ações e quatro vagas no Conselho de Administração. Este é o nó que Covas está começando a desatar em consultas informais a seus aliados na Assembléia.

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