São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Filho de Alencar exclui Covas

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

A idéia de excluir o paulista Mário Covas (PSDB) do encontro de governadores do último dia 17 -que acirrou a guerra fiscal- foi do filho do governador Marcello Alencar (PSDB), Marco Aurélio Alencar, 38.
O encontro, no Palácio Laranjeiras, reuniu cinco governadores e dois vices, todos de Estados prejudicados pelo artigo 155 da Constituição, que veda a cobrança de impostos estaduais sobre a venda interestadual de energia e petróleo.
Os principais articuladores do encontro foram os governadores do Rio e do Paraná, Jaime Lerner (PDT).
O pedetista foi acionado uma semana antes por Marco Aurélio, que telefonou para o Paraná com informações de que o Estado seria o mais prejudicado pelo dispositivo constitucional, seguido pelo Rio.
Marco Aurélio disse à Folha, na última quinta-feira, que convenceu seu pai e o governador do Paraná de que a melhor estratégia seria deixar Covas para um segundo encontro.
Estratégia
Na avaliação de Marco Aurélio, melhor seria a presença de Covas na frente de governadores depois que ele estivesse convencido de que seu Estado perde arrecadação com as fraudes facilitadas pelo artigo 155.
Quem ganha, segundo o secretário, são grandes industriais que simulam compras interestaduais para fugir do pagamento do ICMS.
Sem esse ``convencimento", a desconfiança de Covas em relação à intenção dos colegas poderia prejudicar o primeiro encontro, tornando-o mais tenso.
O próximo passo dos Alencar -pai e filho- é acalmar os ânimos de Covas, que deverá recebê-los amanhã.
Querem que Covas participe da próxima reunião (7 de agosto, em Belo Horizonte) convencido de que São Paulo ganhará com a mudança no artigo.
Conciliação
A ação conciliatória que Alencar passou a adotar em público para minimizar os efeitos do encontro destoa do ânimo dos colaboradores mais próximos do governador.
É intensa no governo estadual a irritação com as críticas dos paulistas ao comportamento de Alencar na disputa pela instalação da fábrica de caminhões da Volkswagen.
O principal argumento dos auxiliares de Alencar é que São Paulo só chegou ao atual estágio de desenvolvimento graças aos incentivos fiscais que adotou para atrair investimentos, principalmente de montadoras.
Um profissional de marketing que assessora o governo do Rio disse que o episódio do encontro dos governadores contribuiu para o objetivo de Alencar de projetar sua imagem no cenário político nacional.
Efeito FHC
Apesar de alguns assessores comemorarem o efeito político do bate-boca entre paulistas e fluminenses, Alencar quer colocar um ponto final na disputa.
Ele teme que o presidente Fernando Henrique Cardoso tome partido de Covas.
Alencar considera o entrosamento com FHC ponto crucial de sua administração.

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