São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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O caminho dos elefantes

DEMIAN FIOCCA

O déficit comercial de US$ 775 milhões em junho mostra que o desequilíbrio gerado pela valorização cambial dificilmente será revertido com pequenos ajustes. Sem capacidade ou intenção de rever de modo mais amplo o modelo de estabilização, o governo parece imobilizado.
O que diferencia a tranquilidade de hoje da angústia de março (quando saíram do país US$ 4,37 bilhões) é que então os bancos previam que uma desvalorização era iminente. E hoje julgam que ela não ocorrerá tão cedo. É só isso. Sem melhora nos fundamentos econômicos, a calma deve-se apenas à entrada de capital especulativo, atraído por juros altos.
Na Folha, o secretário de Política Econômica da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, reconheceu a dificuldade de recuperar os superávits: ``Existe no comércio de importação uma mudança estrutural". Cresceu 87% a proporção de importações no PIB.
Concretiza-se um risco da âncora cambial, apontado por esta coluna em 9/10/94, dois meses antes da crise mexicana: ``Apesar dos resultados relativamente eficazes dessa política no médio prazo, ela pode conduzir o país a uma armadilha. À medida que se ancora a estabilização nas importações, inviabiliza-se a volta atrás sem que haja nova inflação".
E alertava: ``No México, o déficit projetado para este ano (94) é de assombrosos US$ 30 bilhões, cobertos por investimentos externos e entradas financeiras. Se esse fluxo se reduzir, não há oferta nacional de mercadorias ao mesmo preço".

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