São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Grandes redes vendem até 50% mais em julho

MÁRCIA DE CHIARA; GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes de lojas esperam fechar este mês vendendo até 50% mais em relação a julho de 94, o primeiro mês do Plano Real.
Essas empresas estão na contramão do comércio como um todo que reclama da queda generalizada no nível de vendas.
É que as grandes lojas têm recursos próprios para driblar os principais obstáculos enfrentados pelo comércio no primeiro ano do real. Isto é, a inadimplência (atraso no pagamento) recorde e as várias medidas de aperto no crédito editadas pelo governo para conter a venda a prazo.
Samuel Klein, presidente da Casas Bahia, conta que, até quinta-feira da semana passada, vendeu 15% mais em relação a igual período de julho de 94.
Na primeira quinzena de julho do ano passado, o comércio andou em marcha lenta. Os negócios deslancharam a partir da segunda quinzena. Resultado: o saldo de julho do ano passado foi positivo para os grandes magazines.
``Julho de 94, o primeiro mês do Plano Real foi muito bom -bem melhor do que dezembro de 93", diz Klein, com 120 lojas espalhadas no país.
Segundo Klein, que vende em até dez prestações, a inadimplência alta não tem atrapalhado o desempenho das vendas.
A diferença entre a taxa de juros de 10% ao mês cobrada do cliente e de 5,5% ao mês paga à financeira cobre a perda da empresa com os pagamentos atrasados, explica.
A rede Cem, com crediário de até 12 vezes, é outra que confirma o crescimento nos negócios quando se compara períodos iguais em que a nova moeda já estava em circulação.
Entre os dias 1º e 19 deste mês, a empresa faturou R$ 18.500, 65% mais sobre o mesmo período do ano passado.
``Vamos chegar no final do mês vendendo 50% mais que em julho de 94. Se o crescimento fosse maior, faltaria mercadoria", diz Natale Dalla Vecchia, sócio.
A desaceleração no crescimento das vendas ao longo deste mês na comparação com julho de 94 se deve ao fato de que, no ano passado, os negócios fluíram em real depois da segunda quinzena.
Na Arapuã, que vende em até 15 vezes, os negócios neste mês estão 30% maiores sobre os de julho de 94. Para João Alberto Ianhez, diretor, esse desempenho é positivo tendo em conta que hoje o mercado tem dificuldade para financiar as vendas de longo prazo.
Até mesmo a Mesbla, que desde o início do ano saiu do ramo de eletroeletrônicos -produtos de maior valor unitário- conseguiu vender, nos primeiros 20 dias de julho, 6% mais que no mesmo período do ano passado.
Apesar do desaquecimento desde o Dia Mães, esse desempenho é bom, segundo Carlos Eduardo Rodrigues, diretor.
É que, graças ao financiamento em até quatro vezes no cartão de crédito, a empresa está conseguindo aumentar o faturamento, mesmo vendendo artigos de vestuário e utilidades domésticas, isto é, mercadorias de menor valor.
No Ponto Frio, que parcela as vendas em até 13 vezes, com juros de 14% ao mês, o quadro é semelhante. Nos primeiros 20 dias de julho, as vendas tinham crescido 5% sobre igual período de 94.

Mercado
Os números da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), indicam que a venda à vista cresceu 53,74% e 14,68% a prazo nos primeiros 20 dias de julho em relação ao mesmo período de 94.
A perspectiva é fechar julho com alta de 35% na venda à vista e de 5% no crediário em relação a 94, calcula Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Para ele, as vendas do comércio em geral estão desacelerando. ``Não estamos em recessão (queda geral no nível de atividade), mas em uma fase de transição".

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