São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Negócio em alta não breca reestruturação

MÁRCIA DE CHIARA; GRAZIELE DO VAL
DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes redes de lojas já começam a procurar com mais frequência o divã dos consultores de varejo, mesmo tendo conseguido garantir vendas em alta desde a entrada do real.
A constatação é de Miguel Roberto Gherrize, sócio da empresa de consultoria Arthur Andersen.
``Os grandes magazines e redes de supermercados que expandiram demais seus negócios no passado estão reavaliando os empreendimentos para se manter rentáveis."
Segundo ele, o foco de atenção desses empresários é a redução de custos. Isso envolve desde o espaço físico do depósito até o número de lojas, de funcionários e o uso da informática.
O objetivo, diz o consultor, é escapar dos altos juros de mercado e poder bancar o negócio cada vez mais com recursos próprios.
``Com a queda da inflação, pela primeira vez na história do Brasil dos últimos anos, o ônus de manter um estoque de produtos alto dentro das lojas começou a ser levado em consideração pelos empresários."
Com a desaceleração das vendas a partir de maio, por exemplo, a rede de lojas Mahfuz, desativou um dos dois depósitos e passou a ocupar apenas 60% da capacidade total do segundo armazém.
A fórmula encontrada por Antonio Mahfuz, proprietário da rede, para reduzir custos foi comprar os eletrodomésticos da indústria depois que o produto é vendido na sua loja.
``Tem que comprar só o que se vende." Essa estratégia é possível porque hoje sobra mercadoria.
Ele conta que, em épocas de inflação alta, chegou a ter 15 modelos de geladeira no mostruário. Atualmente, trabalha apenas com quatro tipos diferentes.
Além de enxugar os estoques, a meta da empresa é manter apenas 40 lojas até o final do ano. Isto é, as unidades mais rentáveis e somente as localizadas no Estado de São Paulo. Hoje a rede tem 51 lojas espalhadas no interior de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na opinião do consultor Gustavo Ayala, há um número excessivo de lojas no país, em todos os setores.
``Há no país hoje 50 mil farmácias, por exemplo. Na Argentina, antes da queda da inflação, existiam 15 mil farmácias. Atualmente, sobraram apenas 8.000."
Para ele, até as grandes redes devem passar por um ``dramático" processo de reestruturação nos próximos três anos.
(MCh e GV)

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