São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem emprego

O desemprego recorde de 18,6% constatado em maio na Argentina impressiona tanto pela magnitude como pela velocidade com que ocorreu. Desde 1991, quando iniciou-se o plano de estabilização, a proporção de trabalhadores para os quais não havia vagas vinha crescendo lentamente. Esteve entre 6% e 7% ao longo daquele ano e chegou a 12,2% em outubro de 1994. O salto para 18,6% significa que em apenas sete meses mais 6,4% da mão-de-obra ficaram sem trabalho.
Em sentido contrário à queda do emprego, a Argentina cresceu rapidamente -34% em quatro anos. Sob forte pressão da concorrência externa, foram eliminados os produtores menos eficientes e deu-se uma vigorosa reorganização empresarial visando à produtividade.
Até 1994, o efeito desse processo sobre o emprego era amenizado pela evolução da economia. Hoje, há fortes sinais de estagnação. E parecem escassos os recursos do governo para reverter tal cenário.
Sob o impacto brutal das crises inflacionárias da década de 80, o debate econômico dos últimos anos na América Latina esteve dominado pelo tema da estabilização monetária. Daqui em diante, é possível que o desemprego passe a atrair maiores atenções. Mas ainda não estão à vista maneiras consistentes de enfrentar esse que se anuncia como um dos grandes dramas da modernização.

Texto Anterior: Trótski, Mandel e Tróia
Próximo Texto: Perder ou perder
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.