São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995 |
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PSDBão
JOSIAS DE SOUZA BRASÍLIA - Os entendidos ensinam que política é a mistura de 10% de energia com 90% de jeito. Inverta-se a equação, e o sismógrafo do Congresso logo registrará os primeiros sinais de um terremoto.Algumas das mais felpudas raposas do Parlamento detectam perigosos tremores na base de sustentação política do governo. O curioso é que os abalos estão sendo provocados pelo próprio Palácio do Planalto. O presidente e alguns de seus auxiliares, em especial Sérgio Motta, tentam submeter o PSDB a um vigoroso regime de engorda. Na terra erma de uma Brasília em recesso, as articulações do presidente sacodem o PMDB, intrigam o PFL e incomodam uma parcela do próprio PSDB. O primeiro a se aborrecer foi José Sarney. Filho adotivo do PMDB, o ex-arenista Sarney enxerga nos passos de Fernando Henrique uma tentativa de esvaziar a maior legenda do Congresso. Na opinião de Sarney, compartilhada, pelo telefone, com Antônio Carlos Magalhães, o presidente está mexendo num vespeiro. Sarney chega mesmo a prever sobressaltos na continuidade das votações da reforma constitucional. Sob reserva, Sarney revela o receio de que a migração dos peemedebistas gaúchos para o partido do presidente acabe por devolver o PMDB aos braços do natimorto Orestes Quércia. Aliás, o quercista Jáder Barbalho manda dizer do exterior que não planeja renunciar à disputa pela presidência do PMDB, em setembro. Barbalho retorna ao Brasil no início de agosto. O que deixa o PFL intrigado é a impressão de que Fernando Henrique manobra para esterilizar a influência do partido em seu governo. E o que leva incômodo à ala dita progressista do PSDB é a sensação de que o regime imposto pelo Planalto não resultará num novo partido forte, mas numa legenda gorda. Uma agremiação flácida o bastante para acomodar do esquerdista Domingos Leonelli (BA) ao conservador Álvaro Dias (PR), um carboidrato do PP recém-deglutido pelo PSDB. Como que enfadado pela ausência de problemas, Fernando Henrique parece mesmo decidido a criar dificuldades para si próprio. Texto Anterior: Perder ou perder Próximo Texto: O melhor ex-presidente Índice |
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