São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995 |
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`Shopping' vale pelos atores
INÁCIO ARAUJO
A idéia de Paul Mazursky é evidente (como, aliás, costumam ser suas idéias): criticar um certo modo de vida, baseado não só no consumo como na transformação desses locais de compra numa espécie de templo do consumismo. Como isso é pouco para encher o tempo de um filme, a visita ao shopping desdobra-se em crise. A revelação de uns tantos segredos matrimoniais desencadeia o desentendimento, ou antes: a constatação dos desentendimentos que podem surgir entre duas pessoas ligadas durante longos anos. O mérito do filme vem dos atores: Woody Allen e Bette Midler defendem-se magnificamente e justificam a visão do filme. Paul Mazursky não acompanha o passo de seus comediantes. O consumismo é um aspecto complexo da civilização moderna. Tratá-lo como alvo (mais do que tema) é ao mesmo tempo inócuo -como pregação- e insignificante -artisticamente. Mazursky pretende atacar um fenômeno contemporâneo sem afundar-se nele e sem correr os riscos inerentes a remar contra a maré. Termina fazendo um filme sem espinha dorsal e com imagem marcada pela banalidade, como é de seu feito (compare-se, por exemplo, com as imagens de shopping feitas por Brian De Palma em "Dublê de Corpo"). Com um pouco de maldade, daria para dizer que, em matéria de shopping, estamos mais acostumados a maus cinemas do que a maus filmes. Como as opções do dia são poucas, vale a pena dar atenção aos atores, que escapam ao espírito standard da realização. (IA) Texto Anterior: Betty Faria, a loba com cara de vovozinha! Próximo Texto: Mostra comemora centenário de Goeldi Índice |
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