São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Governo consulta bancos sobre Banespa

DA REPORTAGEM LOCAL

Seis instituições do setor financeiro foram consultadas, ontem, sobre a proposta de solução para a crise do Banespa, elaborada pelo governo de Mário Covas em negociações com o Banco Centra.
Apresentaram a proposta: o secretário da Fazenda do Estado, Yoshiaki Nakano, os representantes do BC, Gustavo Loyola (presidente), e Alkimar Moura (diretor de política monetária), o ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Ary Oswaldo de Mattos Filho e o provável futuro presidente do banco, Michael Zeitlin.
Em reuniões individuais com cada uma das instituições, o governo apresentou sua proposta e fez o diagnóstico da situação do Banespa. Um dos participantes disse à Folha, desde que seu nome não fosse mencionado, que a situação do banco é perfeitamente péssima e que ele se transformou num banco de funcionários públicos dos dois lados do caixa.
O governo propõe a renegociação da dívida de R$ 12,5 bilhões do Estado com o Banespa, sendo que metade dela seria paga por empréstimos externos contraídos pelo Banco do Brasil com garantias do Tesouro Nacional.
Mudando a estrutura de capital do banco, o governo venderia, de imediato, 16% das ações com direito a voto, ficando com 50% mais uma ação -o que lhe garante o controle acionário da instituição. O governo detém 66,7% das ações do banco e se comprometeria a vender outros 20% das ações no prazo de um ano.
Até lá, este lote de ações ficaria sob a guarda de um depositário indicado pelo governo. Para garantir o caráter público, o governo estimularia o aumento de capital na mão dos funcionários para 20% -hoje têm 14% das ações votantes.
Desta forma, o controle acionário não seria mais do governo, nem tampouco da iniciativa privada. Ficaria pulverizado entre governo, funcionários e privados.
Entre as instituições consultadas estão Bradesco, Brasilpar (administradora de patrimônio), Opportunity (banco de investimentos), CCF (banco estrangeiro) e Pactual (banco de negócios).
As informações serão avaliadas durante a próxima semana pela equipe negociadora, que poderá fazer ajustes na proposta.
Sexta-feira que vem o grupo deverá fazer novas reuniões com instituições financeiras. Segundo a Folha apurou, banqueiros consultados, embora não quisessem falar especificamente sobre a proposta do governo -ainda preliminar, segundo eles-, disseram que não é possível privatizar o banco, nem fechá-lo. Estas saídas seriam politicamente inviáveis. Resta apenas o caminho intermediário, que está sendo trilhado pelo governo.
Para Gustavo Loyola, as reuniões de ontem foram um passo a mais no processo ``complexo" para equacionar os problemas.
Loyola reafirmou sua posição favorável à privatização do banco.

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