São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995 |
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Caso Banespa pode opor FHC a Covas
JOSIAS DE SOUZA; VALDO CRUZ JOSIAS DE SOUZADiretor-executivo da Sucursal de Brasília VALDO CRUZ Secretário de Redação da Sucursal de Brasília O presidente Fernando Henrique Cardoso já avisou a seus auxiliares que deseja uma solução amigável para o caso Banespa. Mas, se for preciso, não deixará de apoiar uma decisão que contrarie o governo paulista. Esta proposta seria a federalização da instituição. Em outras palavras, o governo federal passaria a ser o acionista majoritário do banco estadual paulista. Em São Paulo, a transferência do banco para o governo federal é vista apenas como uma ameaça, uma forma de forçar a sua privatização. A avaliação é que um presidente com teve sua carreira política em São Paulo não compraria briga com o próprio Estado. O Banespa está sob intervenção do BC (Banco Central) desde o final do ano passado. Só o governo paulista deve ao banco R$ 13 bilhões. A federalização poderia ser realizada com base na legislação que regula as intervenções em bancos estaduais. Ela autoriza o BC a adquirir o controle de bancos sob intervenção. Dentro do BC, esta é considerada uma das melhores soluções. Mas, por questões políticas, a mais difícil de ser implementada. O governador Covas é do mesmo partido do presidente -PSDB. O BC acredita que pode ser obrigado a adotar esta solução, considerada extrema, caso a situação financeira do Banespa se deteriore ainda mais, diante das complexas e demoradas negociações. No governo federal, imagina-se uma saída que poderia ser aceitável no Palácio dos Bandeirantes. BC e governo paulista acertariam a federalização nos bastidores. O governador Mário Covas ficaria, porém, liberado para criticar publicamente a proposta. Em São Paulo, a oposição à venda do Banespa reúne aliados do PT ao PPR. Para evitar a federalização, o BC aposta na privatização do Banespa. No momento, técnicos do Banco Central procuram convencer os auxiliares de Covas a mudar a sua proposta de venda. A equipe de FHC avalia que a solução apresentada por São Paulo inviabiliza a privatização do banco hoje sob intervenção. O presidente do BC, Gustavo Loyola, já fez uma primeira sondagem junto ao mercado sobre a proposta. A reação preliminar não foi nada animadora. Todos os consultados acreditam que o comprador do Banespa pode acabar não ficando com o seu controle. Pela proposta paulista, o Conselho de Administração, responsável pela nomeação da diretoria executiva, seria formado da seguinte forma: o setor privado indicaria quatro conselheiros, os funcionários, dois e o Estado, três. E o detentor da maioria das ações ordinárias indicaria um. Como São Paulo hoje é o maior detentor de ações ordinárias, o Estado teria a prerrogativa de indicar mais um. Para amenizar as reações contrárias, o governo paulista se comprometeu a reduzir a 30% sua proporção de ações ordinárias. Texto Anterior: Governo consulta bancos sobre Banespa Próximo Texto: Exército rejeita investigação sobre mortes Índice |
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