São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Exército rejeita investigação sobre mortes

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE PRODUÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Exército não aceita que se investiguem as condições em que foram mortos ou desapareceram os militantes que enfrentaram o governo militar nos anos 60 e 70.
A investigação é considerada ``revanchista" pelo Exército. Nas reuniões entre o ministro Zenildo de Lucena e seus auxiliares, na semana passada, considerou-se que a apuração só poderia acontecer se o Congresso revogasse a Lei da Anistia, de 1979.
Nos cenários delineados pelos militares, o da investigação é considerado o pior.
O cenário ideal prevê que o governo e o Congresso consigam aprovar o mais rápido possível o reconhecimento de uma lista dos mortos e a indenização, e o assunto suma da mídia.
Os militares não se opõem a que novos nomes de desaparecidos ou mortos sejam incluídos na lista.
Para eles, essa atribuição é de exclusiva competência do Ministério da Justiça.
Há um cenário intermediário levantado nas reuniões das Forças Armadas: a previsão de que os familiares dos militares mortos em confronto com a esquerda também recorram à Justiça, reivindicando indenizações iguais às conseguidas pelos familiares dos desaparecidos políticos.
Na visão do Exército, com o reconhecimento dos mortos e a indenização dos familiares o ``jogo fica empatado".
A Folha apurou que a questão dos desaparecidos é comparada a um iceberg -bloco de gelo que flutua no oceano e cuja parte submersa é pelo menos nove vezes maior do que a parte visível- entre auxiliares do ministro.
Seguindo essa comparação, o Exército admite que o problema seja tratado até um determinado limite -a parte visível do iceberg.
A tentativa de puxar à tona a parte submersa poderia trazer surpresas difíceis de controlar.
Oficialmente, o Cecomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) disse ontem à Folha que todos os documentos do Exército relativos à repressão aos movimentos guerrilheiros foram encaminhados ao Ministério da Justiça em 1992, quando Maurício Corrêa era o ministro (governo Itamar).

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