São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Governo desmilitariza segurança do Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A estrutura montada pelas Forças Armadas a partir da Operação Rio -ação anticriminalidade criada em 1994 pelos governos federal e estadual- está sendo desativada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Nilton Cerqueira.
Desde a posse, em maio, o secretário, que é general da reserva, tenta pôr fim ao vínculo entre setor de segurança e militares. Ele afastou oficiais do Exército da secretaria, além de diretores ligados a militares.
Cerqueira, 65, esvaziou unidades criadas sob inspiração militar e até extinguiu o batalhão montado especialmente para abrigar os 1.100 soldados do Exército cedidos ao Estado a título de ajuda no combate à violência.
Em 94, Cerqueira se elegeu deputado federal pelo PP do Rio. Antes, presidiu, por quatro anos, o Clube Militar, o que gerou desavenças com o Exército.
Sua escolha para a secretaria coube ao governador Marcello Alencar (PSDB), irritado com o fracasso do general da reserva Euclimar da Silva, indicado ao cargo pelo Ministério do Exército.
Após a posse, Cerqueira passou a adequar a secretaria a seu modo de agir. Na chefia da Polícia Civil, substituiu Dilermando Amaro, nomeado por Silva, por Hélio Luz, delegado que se diz socialista.
Cerqueira mantém silêncio sobre as mudanças na secretaria. Através da assessoria de imprensa, ele admite mudanças. ``Está havendo um remanejamento em toda a secretaria", disse à Folha o assessor Ayrton Baffa.
Luz é menos discreto. Para ele, Silva é ``um general sem voz de comando", o contrário de Cerqueira, ``um estrategista" cuja ordem ``é para ser cumprida".
A ação militar durante a Operação Rio, com tanques e tropas em favelas à cata de criminosos é criticada por Luz, que disse considerar ``absurdo" aquele aparato.
``O traficante cansou de passar ao lado do militar, que não prendia porque não sabia quem ele era", disse Luz.
Cerqueira também mudou o Cisp (Centro de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública) e a Inspetoria Geral -cujo diretor foi exonerado-, criados por seu antecessor.

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