São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumo perde fôlego nos dois últimos meses

ARY V. GONZALIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao completar um ano do real, a área econômica do governo lança mão de medidas que visam esfriar um mercado em ebulição, que poderia comprometer os resultados pretendidos. Mas, a pergunta que fica é: quanto o mercado estava aquecido e qual é a situação atual?
Para melhor entender este panorama, vale a pena fazer um comparativo entre o primeiro semestre de 95 contra igual período do ano passado.
O que se tem é que, de 115 categorias de produtos acompanhadas pela Nielsen, 108 apresentaram crescimento. E mais: cerca de 40% delas, apresentam taxas de incremento superiores a 40%.
Subdivididas em grupos ou cestas de produtos, exceção feita às bebidas alcoólicas que apresentam taxas mais comportadas, todos os demais comparecem com altíssimos índices de crescimento comparado ao primeiro semestre do ano passado.
Destacam-se os setores de higiene, saúde, beleza e limpeza caseira, onde metade das categorias apresentam taxas positivas, superiores a 40%.
Entretanto, alguns produtos registram taxas extremamente altas, que merecem ser destacadas: bebidas esportivas (262%), fraldas descartáveis (174%), cereais matinais (97%), iogurtes e sobremesas prontas (92%), bronzeadores (91%) e produtos de cuidado automotivo (88%).
Como se percebe, o Plano Real, efetivamente fez com que houvesse um significativo aumento do consumo de produtos classificados como supérfluos.
As as menores taxas de crescimento ficaram para as categorias de produtos básicos, como sal, açúcar, farinha de trigo e óleo vegetal.
Se, de um lado, o comparativo semestral indica uma performance digna de destaque, de outro lado, é necessário fazer uma análise mais apurada dos resultados de curto prazo. Eles já refletem as ações de contenção de demanda.
Dessa maneira, quando se compara dois últimos meses em relação aos dois meses anteriores, temos um quadro muito diferente daquele apresentado acima.
E não apenas isso. Dos 58 grupos de produtos que cresceram no curto prazo, cerca de dois terços deles assinalam alta não superior a 10%.
Em sua grande maioria, os produtos que registram os melhores resultados são os de maior consumo durante o inverno: chocolates, lenço de papel, analgésicos, antigripais e vitamina C.
Não resta dúvida que o consumo foi atingido em cheio pelo golpe das recentes medidas econômicas. É bem verdade que não chega a ser um nocaute, entretanto, resta saber se teremos meios suficientes para reanimar essa demanda.

ARY V.GONZALIS é gerente de atendimento da Nielsen.

Texto Anterior: Brigando pela sede do consumidor
Próximo Texto: Cotia Trading investe em material escolar importado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.