São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Luta contra o tempo

CIDA SANTOS

Há três meses a atacante Ana Moser vem travando uma luta particular com ela mesma: recuperar-se da cirurgia no joelho esquerdo e voltar à velha forma. A luta é também contra o tempo.
O Grand Prix, versão feminina da Liga Mundial, começa dia 18 e será disputado durante cinco semanas. Ana faz as contas e arrisca um palpite: quem sabe no terceiro final de semana já possa jogar.
A 14 dias de completar 27 anos, a jogadora não tem dúvidas ao apontar esse como o principal problema físico que já sofreu. Antes da operação, ela chegou a temer se conseguiria enfrentar o longo período de recuperação.
O medo era de não se adaptar à solidão da nova rotina. Não é fácil para uma atleta, acostumada a trabalhar em grupo, passar a treinar sozinha com aparelhos.
Ana tinha uma certeza: a cabeça teria que estar numa boa. Caso contrário, a recuperação travaria.
Com a sabedoria de quem tem anos de análise, a cabeça aguentou bem e agora ela contabiliza progressos: já faz treinos diários de uma hora com bola e pode até dar de trinta a quarenta saltos.
Ana sabe que o principal torneio da temporada não é o Grand Prix, mas a Copa do Mundo, no Japão, em novembro, que vale vaga para a Olimpíada de Atlanta.
Por isso é que sua ida ao Grand Prix vai depender do técnico Bernardinho e das condições das academias das cidades que vão abrigar o torneio. A preocupação é manter o nível dos treinos para não haver regressão.
O drama da contusão e a agonia não são exclusividades de Ana Moser. Ana Paula, com fratura na tíbia, está fora do Grand Prix. O mesmo ocorre com Estefânia, que talvez tenha que operar o ombro.
Três contusões sérias e mais três sinais de que está na hora de dirigentes, técnicos e atletas se reunirem e passarem a traçar estratégias de sobrevivência ao alucinante calendário internacional do vôlei.
Só neste segundo semestre, as jogadoras da seleção terão pela frente o Grand Prix, o Sul-americano e a Copa do Mundo, fora a Superliga Nacional e as finais do Campeonato Paulista.
É preciso, mais do que nunca, estabelecer prioridades e preservar os principais atletas para as principais competições.
Para encerrar em alto astral, vale lembrar que o Brasil tem uma nova geração talentosa no vôlei feminino. Não deu para ganhar da China na final do Mundial juvenil, mas a medalha de prata indica que vem vindo coisa boa por aí.

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