São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995 |
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Mulher apaixonada não se previne contra Aids
FERNANDO ROSSETTI
Isso porque a mulher tende a não questionar o parceiro -por medo, amor ou cultura. E, mesmo sabendo que pode correr risco de contaminação com o HIV, raramente exige o uso da camisinha. Essa limitação do trabalho de prevenção à Aids entre mulheres é a principal conclusão da dissertação de mestrado ``Mulheres e Aids: Uma Abordagem Antropológica", de Denise Martin, 29. A antropóloga fez 16 entrevistas com mulheres portadoras do vírus HIV ou já com a doença, atendidas pelo Craids (Centro de Referência em Aids de Santos-SP). No grupo entrevistado, estavam representadas desde mulheres casadas havia dez anos até aquelas que ``olharam um cara, se apaixonaram, transaram e pegaram o HIV". Também há de universitárias a moradoras do mangue. O que chamou a atenção, diz Denise, foi que todas essas mulheres apresentaram uma postura frente ao parceiro idêntica: ``Ninguém questiona como ou por que o parceiro se contaminou." ``Algumas, se exigissem o uso de camisinha, poderiam apanhar. Outras alegam que o amor justificava o relacionamento sem questionamento", diz. Assim, mesmo contaminadas, não culparam os homens com quem mantiveram a relação. Para essas mulheres, seus parceiros são sempre inocentes. Só outros homens é que poderiam contaminar uma mulher ``por maldade" ou irresponsabilidade. ``A contaminação delas pelo HIV acaba revelando mais uma face da condição feminina, de submissão, aceitação da violência." (FR) Texto Anterior: Secretaria investiga mortes em hospital Próximo Texto: Mensalidade não deve subir neste semestre Índice |
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