São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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IML diz que advogado tinha 3 doenças

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Peritos do IML (Instituto Médico Legal) constataram que o advogado José Francisco da Silva, 68, tinha três doenças com sintomas semelhantes aos de suas crises relatadas por sua família.
Silva foi morto no último dia 22 em seu apartamento, na Aclimação (região central). O estudante A.F.T.S., 15, filho do advogado, assumiu o crime e disse que matou o pai para aliviar seu sofrimento.
Segundo a família, Silva desconfiava ter câncer e tinha constantes crises caracterizadas por azia, falta de ar e tosse.
O laudo dos médicos legistas Cláudio Cavalcanti e João Felício Filho constatou que Silva tinha aterosclerose, miocardioesclerose e esteatose hepática.
A aterosclerose é o semi-entupimento de artérias que pode ser causado por acúmulo de gordura. A miocardioesclerose é o enfraquecimento do músculo do coração e pode provocar falta de ar.
A esteatose hepática é o acúmulo de gordura no fígado, que o faz crescer. Ela pode ser causada pelo consumo de bebidas alcoólicas.
O IML não constatou câncer no advogado e determinou que Silva foi morto com cinco tiros. Até então, a polícia pensava que Silva havia sido morto com quatro tiros.
A primeira bala perfurou as costas e se alojou no pulmão. Essa foi a única que atingiu um órgão vital. Dois tiros acertaram o ombro esquerdo. Um atravessou o corpo e o outro ficou alojado em Silva.
Um outro disparo acertou o supercílio esquerdo. A bala não penetrou o crânio e, correndo ao redor dele, saiu perto da orelha esquerda. A última bala acertou de raspão o braço direito.
Ontem, o investigador Carlos Alberto Domingues, 40, cunhado de Silva, foi ouvido pelo delegado Osmar Ribeiro Santos, 35, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Segundo Santos, Domingues disse que A.F.T.S. passara uma semana em sua casa em Sorocaba (a 87 km de SP) antes do crime.
Ele levou o sobrinho à casa dos pais no dia do crime. Segundo Domingues, durante o tempo que passou em sua casa, A.F.T.S. teve um comportamento ``normal" e não teria demonstrado preocupação ou aflição com a saúde do pai.
O investigador disse que ficou surpreso quando A.F.T.S. assumiu o crime. Também afirmou que o rapaz não lhe confidenciou nada.

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