São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Refugiados já estão há quase um ano no país

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

No próximo dia 9 de setembro faz um ano que seis balseiros que deixaram Cuba em um bote feito de madeira e cinco câmaras de pneu chegaram a Santos (litoral de SP) na condição de refugiados.
O grupo era formado originalmente por oito pessoas. Nos onze dias em que ficaram sem rumo no mar no golfo do México, duas delas morreram atacadas por tubarões.
Os cubanos foram resgatados pelo navio liberiano Aniara, que os trouxe até o porto de Santos.
Pouco tempo antes do desembarque em Santos, um outro grupo de refugiados cubanos havia aportado na Bahia.
Em dezembro passado, a única mulher do grupo, Yuliet Valdez, 19, deu à luz um menino, filho do também balseiro Ismael Reyes Moreno, 32. O casal mora hoje em Praia Grande (82 km ao sul de São Paulo). Moreno, que era boxeador em Cuba, sustenta a família treinando pugilistas na região.
Yuliet é a única dos cubanos que não trabalha. Sua documentação, segundo o Conselho da Comunidade Negra de Santos, ainda não foi regularizada.
O conselho é o órgão que representa em Santos o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).
Gerardo Carrete, 31, que era professor de Educação Física em seu país, trabalha hoje como segurança em uma transportadora e em duas casas noturnas.
Raudel Diaz, 25, exerce a mesma profissão que tinha em Havana, barbeiro. Ele é empregado em uma barbearia de Santos. Ogandy Maz, 30, era pintor e agora trabalha em uma empreiteira em Cubatão.
Jesus Chaves Milians, 27, era motorista em Cuba. Há seis meses, ele conseguiu um emprego como ajudante de limpeza em um armazém no porto da cidade.

Outros refugiados
Segundo o responsável pelo Conselho da Comunidade Negra, Ricardo dos Santos, além dos seis cubanos, vivem hoje em Santos mais 20 refugiados. Desses, quatro também são cubanos, 11 africanos, três bósnios e dois jamaicanos.
``Com exceção dos ex-iugoslavos, o resto chegou a Santos como clandestinos em navios. A pior situação é a dos africanos. Sem dominar o português, eles não conseguem emprego no Brasil", afirmou Santos.

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