São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Aluguel e serviços devem pressionar menos

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, diz esperar, daqui para frente, uma menor pressão nos índices de inflação dos bens e serviços que não podem ser importados (aluguel, serviços pessoais, restaurantes etc.).
Os aluguéis já estão subindo menos e ``pela primeira vez no índice da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), na segunda quadrissemana de julho, o item serviços pessoais subiu abaixo da média".
Durante os primeiros nove meses do Real, os preços desses itens sempre subiram em um patamar acima dos de produtos que sofrem a concorrência dos importados. ``Há uma mudança de comportamento -o que nós já prevíamos e disseram que era excesso de otimismo", afirma, para depois completar: ``Nós esperamos que, agora, as taxas de variação fiquem mais próximas."
Para Mendonça de Barros, a redução dessa diferença vai ``aliviar o manejo das políticas monetária (controle da quantidade de dinheiro na economia) e cambial neste segundo semestre".
Dessa forma, acredita, será possível praticar taxas de juros menores e ``manter um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, o total da riqueza produzida no país) de 4% a 5%, sem solavancos substanciais".
O secretário não concorda com a avaliação de que o governo está sendo lento demais no ritmo de queda dos juros. ``Repare que nos últimos dias temos aumentado a velocidade de queda."
Mendonça de Barros pondera, porém, que o governo tem de ir com cuidado. ``O painel de informação é muito precário. Nós sabemos que a situação é difícil para as pequenas empresas, para as pessoas físicas, para a agricultura e para os setores que estão muito estocados. Mas você ainda tem setores em situação razoável."
Para ele, com o gradualismo, o governo procura evitar ``reinflamar demais a economia e acabar criando ciclos em que se emagrece e, depois, engorda".
O secretário diz que, além dos juros, o governo procura atuar em outras frentes: como a volta para o prazo de seis meses do crédito para compra de veículos.
``Eu discordo da avaliação de que esta medida seja inócua. O objetivo é dar fôlego para o mercado de carros usados." Para ele, neste caso, o prazo de financiamento não poderia ser muito maior -por causa da própria garantia (o carro usado).
No caso da agricultura, Mendonça de Barros diz que o governo está adubando o setor com ``muitos recursos". Foram R$ 200 milhões em junho e R$ 550 milhões em julho. ``Este mês, a previsão é de mais R$ 550 milhões."
O secretário diz que o ajuste ao processo de endividamento (que envolve a renegociação de dívidas entre consumidor, lojista, banco e indústria) demora ainda algum tempo. ``Não há nada que se possa fazer quanto a isso."

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