São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Estabilidade exige maior controle do orçamento

A periodicidade anual dos reajustes salariais, sem a garantia da reposição integral da inflação, exige que agora, mais do que antes, o consumidor tenha cuidado redobrado com seu orçamento doméstico.
A desindexação dos salários é tema abordado praticamente todo dia na TV, rádio e jornais, mas muitas pessoas parecem que não se deram conta disso na hora de consumir e se endividar, alertam o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho e a supervisora de assuntos financeiros do Procon-SP, Dinah Barreto.
Mesmo fazendo um orçamento, afirma Dinah, há consumidores que se esquecem das despesas imprevistas no meio do caminho.
O orçamento doméstico é montado com base em contas fixas, como aluguel, água e luz, excluindo muitas vezes, por exemplo, os cheques pré-datados.
Essa prática já se tornou hábito na vida do brasileiro, diz ela, mas como os cheques são emitidos bem antes da cobrança, o consumidor às vezes se esquece de que um dia eles cairão em sua conta corrente.
A queda do poder aquisitivo do salário era bem maior antes do Real, completa Dutra, mas a estabilidade acabou por levar as pessoas a gastar mais.
O relator da medida provisória da desindexação no Congresso insiste no reajuste automático dos salários pela inflação passada, mas essa regra valeria apenas até uma faixa até três ou quatro mínimos, R$ 300 ou R$ 400 por mês.
A classe média, que comanda a onda de inadimplência (falta de pagamento), deverá depender mesmo da capacidade de negociação dos respectivos sindicatos para recuperar o poder aquisitivo de seus associados.
Garantido mesmo, na próxima data-base, está o resíduo do IPC-r até junho de 95. Neste mês, o reajuste mínimo é de 27,54%. Em setembro, caso de bancários e petroleiros, será de 20,94%. O gráfico acima traz os índices mínimos, sempre decrescentes, para as demais datas-base.

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