São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Ingresso de dólares pode precipitar novas restrições

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Foi inútil o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, anunciar que não há medidas em estudo para conter a enxurrada de dólares que entra no país desde julho.
Os ingressos de capital especulativo se intensificaram na última semana. Este movimento pode acabar precipitando a edição de medidas restritivas.
No BC já se fala abertamente que não é razoável a repetição dos números do mês passado, quando US$ 3,983 bilhões entraram no país. Mas a entrada de dólares nos três primeiros dias de agosto, se repetida ao longo do mês, projeta um ingresso de US$ 6 bilhões.
O que está acontecendo, para técnicos do BC e especialistas do mercado, é uma espécie de ingresso ``preventivo" de capital externo. A razão: todos sabem que os números de julho acenderam a luz amarela no governo.
``É a mesma situação das importações no começo do ano, quando se esperava o controle do governo", avalia Ernesto Guedes, sócio da MCM Consultores.
No que se refere ao capital especulativo, a média de ingresso líquido (descontadas as saídas de dinheiro) do início de agosto registra US$ 163 milhões diários. Em julho, quando foram contabilizados os maiores volumes desde o Plano Real, a média foi de US$ 100,3 milhões.
O BC efetivamente não quer tomar agora medidas para conter a entrada de dólares. Há menos de cinco meses foram tomadas medidas para estimular este mesmo movimento, quando US$ 4 bilhões deixaram o país em março e a crise do México estava na cabeça de todos os investidores.
Espera-se que o movimento especulativo da semana passada se abrande ao longo do mês, porque os juros tiveram ligeira queda e as cotações do dólar continuarão em alta gradual -tornando menos atraentes os investimentos do capital externo.
Mas há um cardápio de medidas pronto -e conhecido desde outubro de 1994. As alternativas são: elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), redução do prazo para financiamento de importações e redução do limite de dólares que os bancos podem captar no exterior.

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