São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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Esses italianos...

SÍLVIO LANCELLOTTI

Atenção, grande novidade, furo internacional de reportagem: todos os principais campeonatos europeus de futebol já definiram e já divulgaram os seus calendários completos para 1995/96. Completos, até julho de 96.
Aliás, o Velho Mundo perpetuou a façanha antes de a CBF publicar a tabela do Brasileiro-95.
Que pretendem fazer os europeus conosco? Querem nos trair sucessivamente? Já não bastou o que ocorreu na decisão da Copa dos EUA, em 94, quando Baggio e Baresi chutaram pênaltis longe da meta e o Brasil se tornou o primeiro campeão do mundo depois de empatar uma final em 0 x 0?
Por falar nos peninsulares (sinônimo politicamente correto de carcamano, em voga nos anos 50), são os piores traidores do planeta.
Imagine o caro leitor que o próximo torneio da Velha Bota já vendeu, antecipadamente, cerca de 250 mil carnês de assinatura.
Só o cruel Milan conseguiu que o absurdo de 50 mil torcedores pré-comprassem os seus ingressos de uma única talagada.
Inacreditável desfaçatez. Apenas com a renda dos carnês de assinatura, o cruel Milan quase pagou o custo de Baggio, perto de US$ 12 milhões. No global, o mercado de verão do futebol da Bota movimentou cerca de US$ 400 milhões.
Raios, aonde querem chegar esses carcamanos, perdão, esses peninsulares?
Examinei minuciosamente a tabela do campeonato da Bota.
Jogos sempre aos domingos, à exceção da Páscoa, quando a rodada se desenrolará no sábado de Aleluia para não prejudicar a celebração dos jogadores, dos torcedores e até dos cartolas do país.
Ficará o leitor perplexo, como eu, ao saber que a seleção da Itália já sabe quem vai enfrentar, em prélios oficiais e em cotejos de preparação, nos próximos 11 meses? É de fato humilhante...
A perseguição contra nós se tornou tão insidiosa que, dos 18 estrangeiros recém-contratados por eles, meramente 2 provêm do Brasil -Roberto Carlos, contratado pela Inter, e o zagueiro Alexandre, do Bangu, agora na Atalanta.
Diabólicos, com certeza uma provocação, os italianos, em contrapartida, levaram quatro argentinos: Ayala, do River, ao Napoli; Sorin, do Argentinos Jrs., à Juve; Rambert, do Independiente, e Zanetti, do Banfield, à Inter. Até mesmo um turco o Bota comprou, Sukur, do Galatasaray ao Torino.
Sei não, mas algo estranhíssimo está acontecendo na Itália.

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