São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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O jogo é hoje

JUCA KFOURI

O jogo é hoje, já cantava Paulinho Nogueira. E que jogo! E por que mexe tanto com gente? Que mistérios esconde um jogo de futebol, que sonhos revela uma decisão? Você vai jogar?
No máximo, nestes momentos antes do grande jogo, 22 pessoas responderão que sim e, provavelmente, a maioria delas nem estará preocupada com o que se escreve a respeito do evento que as terá como maiores protagonistas. Maiores protagonistas? Ou será que é você, que está lendo, o mais importante personagem deste jogo? É claro que sim. Mas como, se você nem joga, se vai ficar passivamente na torcida? Não joga? Passivamente? Ah, quantas incompreensões.
Todos nós estaremos em campo, sofrendo com os buracos do estádio Santa Cruz, cabeceando com Viola, driblando com Rivaldo, defendendo com Ronaldo, chutando com Mancuso. Fazendo e evitando gols.
Ou você, caro palmeirense, não fez junto com Zinho o gol que abriu o caminho para o Palmeiras sair da fila dois anos atrás? E que corintiano de verdade não estava na ponta daquela chuteira de Marcelinho ao mandar para dentro da meta gremista a bola que valeu a Copa do Brasil?
Nada mais falso que dizer que o futebol aliena, que é um esporte que reúne milhões de espectadores passivos e poucos atletas participantes. O segredo do futebol está exatamente em permitir que todos participem. Democraticamente.
Dentro de campo é o único que não discrimina baixinhos e gordinhos, basta ver Maradona e constatar. Fora, leva para as arquibancadas e para a tela da TV de A a Z. E obriga até o mais alienado dos cidadãos -aquele que diz que não está nem aí para o grande jogo- a se envolver de alguma forma, nem que seja porque é simplesmente impossível não participar.
O jogo é hoje. Hoje é dia de todo mundo virar criança, de chorar a dor de um gol sofrido ou vestir a faixa com a pompa do maior dos campeões -21 vezes campeão paulista.
Hoje é o jogo e agora pouco importa se campeonatos estaduais já não valem muito, se o regulamento foi uma lástima, se as arbitragens continuaram vergonhosas, se 3.000 bolas pegaram fogo no prédio da Federação -e como gostam de bola por lá! O que interessa é que o jogo é hoje.
Que vença o melhor, desejará o jornalista. Que seja o time da gente, exigirá o torcedor.

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