São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995 |
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Argentino é voluntário na guerra da Bósnia
DENISE CHRISPIM MARIN
Tzanoff integra a brigada internacional Não Passarão, que partiu de Barcelona, na Espanha, no último dia 1º com destino à cidade de Tuzla. É o único latino-americano -entre mais de 40 voluntários europeus- a compor essa segunda brigada de solidariedade à Bósnia. ``Existe uma guerra de ocupação e de extermínio do povo bósnio", afirmou Tzanoff à Folha. ``Os sérvios estão recriando os métodos nazistas usados para exterminar os judeus. E fazem isso com a cumplicidade da ONU." Militante da revolução socialista, ele acatou a determinação do partido Movimento Socialista do Trabalhador (MST), em que é coordenador da ala jovem. ``Não se trata apenas de uma decisão pessoal. Sou parte do MST, partido com grande tradição internacionalista", disse. Tzanoff há oito anos é filiado ao MST -que se denomina irmão do PT brasileiro e que tem cartazes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em sua sede. O partido já enviou militantes às guerrilhas de outros países. Eles lutaram ao lado dos sandinistas, na Nicarágua, e contra a invasão norte-americana no Panamá. Tzanoff estuda Ciências Sociais na Universidade de Buenos Aires e trabalha na Secretaria de Agricultura -um órgão do Ministério da Economia conduzido pelo ministro Domingo Cavallo. Sua brigada deve permanecer na Bósnia por 20 dias. Como todo combatente, Tzanoff espera retornar -são e salvo. Ele partiu no período de suas férias no trabalho. A missão de Tzanoff, em princípio, será trabalhar na reconstrução da biblioteca da Universidade de Tuzla, destruída durante os bombardeios sérvios. Mas embarcou disposto a um trabalho menos tranquilo. ``Os acontecimentos mais recentes na Bósnia nos levam a aceitar qualquer tipo de tarefa." O custo de sua viagem, segundo afirmou, foi coberto com a venda de uma revista sobre o conflito na Bósnia, editada pelo próprio MST. O restante do valor foi doado pela Federação Universitária de Buenos Aires, centro estudantil. O MST critica o envio de 800 soldados argentinos às forças de paz da ONU. ``Não temos nada que ver com as autoridades, que estão do lado da ONU", afirmou. Ele chega até mesmo a insinuar que os capacetes azuis (forças de paz da ONU) estariam colaborando com os sérvios. Na verdade, a ONU intervém em quatro encraves muçulmanos (áreas protegidas), além dos dois já tomados pelos sérvios. Tzanoff não disse uma palavra objetiva sobre seu preparo para possíveis combates. ``Sabemos aonde vamos. Temos tradição internacionalista e tomamos as providências necessárias." Texto Anterior: CDs recriam os sons da natureza Próximo Texto: Grupo lembra guerra espanhola Índice |
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