São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Embaixador nega convocação para depor

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Paulo Tarso Flecha de Lima, disse no sábado à tarde à Folha que não foi citado para testemunhar no caso de venda de armas brasileiras para o Irã e para os Contras.
``Nem vejo razão para ser convocado a depor. Não tenho nada a ver com isso", afirmou ele em entrevista por telefônica de sua fazenda nas imediações de Brasília, onde está em férias com a família.
O embaixador diz que em 1984, quando a operação foi realizada, dirigia o departamento comercial do Ministério das Relações Exteriores.
Nessa condição, ele assinava pareceres sobre a conveniência para a política externa brasileira de negócios de venda de armas para outros países. Mas o parecer final cabia ao Conselho de Segurança Nacional.
Flecha de Lima diz que não se recorda especificamente do caso em questão.
Ressalta ainda que nem o Ministério das Relações Exteriores nem qualquer outro órgão do governo brasileiro na época exigia certificado de uso final das transações de armas com outros países.
Assim, era impossível monitorar se as armas depois de embarcadas eram recebidas pelo destinatário original ou não.
O controle da saída de armas do país para o exterior era feito por um departamento de Exército.
``Eu apenas coordenava as opiniões sobre as consequências políticas dos possíveis negócios com armas", afirmou Flecha de Lima.

Irã-Contras
A Folha informou ontem que a Procuradoria da República acusa duas empresas brasileiras de vender ilegalmente 1 milhão de granadas de mão ao Irã e entregar 30 mil delas a rebeldes da Nicarágua.
As empresas teriam utilizado documentação falsa, atribuindo a encomenda ao governo líbio.
A acusação foi acolhida pela Justiça do Rio contra as empresas Jabour, exportadora, e Explo, fabricante de explosivos, que a negam.
Há suspeita de que o carregamento tenha feito parte da operação norte-americana Irã-Contras -venda ilegal de armas ao Irã e repasse de dinheiro aos Contras.
Flecha de Lima deve ser convocado pela Procuradoria para explicar a ação do departamento que era responsável no Itamaraty.
Os Contras eram os rebeldes, apoiados pelos Estados Unidos, que combatiam o governo sandinista (de esquerda) na Nicarágua, que tinham bases em Honduras e no Panamá.
Em 87, durante o governo Reagan, funcionários públicos foram julgados pelo caso.
O Irã estava sob bloqueio imposto pelas Nações Unidas, depois da invasão da embaixada norte-americana por extremistas e a tomada de funcionários como reféns.

Colaborou a Redação

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