São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Índia e Austrália estão se "separando"

DA REDAÇÃO

Pesquisadores do Observatório Terrestre Lamont-Doherty (EUA) disseram que uma das maiores placas geológicas da Terra está se quebrando em duas. Nessa placa estão, por exemplo, a Índia e a Austrália.
Os resultados foram publicados na última edição da revista "Earth and Planetary Science Letters".
Segundo os pesquisadores, a placa indo-australiana parece ter quebrado bem abaixo da linha do Equador, fazendo com que os dois continentes agora se movam independentemente em diferentes direções. A quebra tem acontecido nos últimos milhões de anos.
A descoberta aumenta para 13 o número de placas tectônicas no planeta. Até então, os pesquisadores supunham ser 12.
O movimento das placas é responsável pela formação das grandes cadeias de montanhas, como os Andes, e alguns vulcões.
Os cientistas já sabiam que, nos últimos 50 milhões de anos, o subcontinente indiano tem "caminhado" em direção norte, empurrando a parte inferior da Ásia e comprimindo o platô tibetano e as montanhas do Himalaia.
A "pressão" exercida pelo subcontinente indiano continua a "distorcer" a Ásia, resultando numa falha geológica -a Altyn Tagh- que se estende por mais de 2.200 quilômetros, na China.
Imagens de satélite sugerem que, desde a última era glacial, há 10 mil anos, o tamanho da falha aumentou pelo menos 360 metros.
A recente descoberta sugere que, há 8 milhões de anos, a massa acumulada do subcontinente indiano tornou-se tão grande que fez com que a placa indo-australiana se deformasse e acabasse se quebrando em duas.
Para os eles, o resultado desse estágio crítico no processo entre Índia e Austrália é a formação das placas indiana e australiana.
Segundo Jeffrey Weissel, um dos autores do estudo, a natureza está conduzindo uma série de "experimentos" no oceano Índico central, mostrando o que acontece na litosfera oceânica (camada mais externa da Terra) quando uma força é aplicada.
Quando isso acontece num objeto que não se move, ele pode se deformar, como uma folha fina de metal.
Os cientistas acreditam que os continentes continuam a derivar ao redor da Terra, o que leva à aproximação dos mesmos, em alguns momentos, e à quebra, em outros.
Segundo a teoria das placas, em várias ocasiões, isso resultou na formação de supercontinentes, que continham quase toda a massa de terra no planeta.
Acredita-se que a Pangea, o mais "recente" supercontinente do planeta, tenha começado a se quebrar há cerca de 160 milhões de anos.
Para os pesquisadores, os oceanos Atlântico e Índico continuam a alargar-se, enquanto o Pacífico torna-se cada vez menor.
Para eles, nos próximos 100 milhões de anos, a América do Norte e Ásia provavelmente se "unirão". Os pesquisadores já definem antecipadamente o nome do provável supercontinente: "Amásia".

Texto Anterior: Motorola defende nova concorrência
Próximo Texto: Atitude médica varia com cultura
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.