São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995
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Coleção reúne poesia de Lawrence Durrel

Edição bilíngue traz autor de 'Quarteto de Alexandria'

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O herege está de volta. A editora Topbooks acaba de lançar no mercado uma coletânea de poemas do britânico Lawrence Durrell, um dos mais finos escritores que a língua inglesa já produziu.
``Lawrence Durrell- Poemas", traz 58 poemas, em edição bilíngue, extraídos do ``Collected Poems 1931-1974", lançado pela editora inglesa Faber and Faber no início da década de 80, que reunia os poemas produzidos por Lawrence no intervalo de suas grandes sagas: ``O Quarteto de Alexandria" e ``O Quinteto de Avignon"-traduzido no Brasil pela editora Estação Liberdade.
Assim como nesses seus romances, mais uma vez o que é celebrado é o seu amor pelos povos e paisagens do mediterrâneo. Para Durrell a Inglaterra sempre foi mais uma miragem que um país.
Nascido em 1912 na cidade de Daarjeeling, Índia, região próxima ao Tibete, filho de pai inglês e mãe irlandesa, Durrell só conheceu a terra de seu pai aos 12 anos.
Nos anos 40, viaja pela Grécia, Egito e Argentina até encontrar repouso na Provença francesa, onde morreu em 1990.
Mas foram nos anos 30 que Durrell tomou uma decisão: ficar rico com a literatura. Nesse período seu editor era o poeta T.S. Eliot (1888-1965), que chegou a avaliá-lo como ``eloquente demais".
Seu modelo de verso foi Eliot. Nada mais justo, para um errante como Durrell, seguir as pegadas, na poesia, de um auto-exilado.
Seus poemas refletem essa urgência pelo deslocamento -mais um toque de ironia com os grandes projetos, ou consequências, da modernidade.
Durrell era capaz de escrever uma ode à cidade de Alexandria ou Tróia e, ainda, produzir uma ``Elegia no Fechamento dos Bordéis Franceses", dedicado ao seu amigo, o escritor americano Henry Miller, parceiro de peripécias sexuais pela Grécia:
``Todos os bordéis fecharam, menos o Sacré Coeur!/Janelas vedadas aos herdeiros/os benfeitores anônimos habitando templos de mármores/Em penínsulas com galos de ouro e sol", na excelente tradução de Jorge Wanderley.
Sua fé era baseada em outros princípios que não a bondade de Deus. Quando escreve um poema para o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, cita o Brasil como um dos ``países do desejo".

Livro: ``Lawrence Durrell-Poemas"
Tradução: Jorge Wanderley
Preço: não definido

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