São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'Ou faz promoção, ou não toco produto novo'
LUIZ ANTÔNIO RYFF
Tutinha tem uma definição do que é ``jabá". `` `Jabá' é pegar um menino que trabalha na rádio e dar um vídeo, dinheiro, ou uma viagem para o cara tocar a música sem a direção da rádio saber". E isso, afirma Tutinha, não acontece na Jovem Pan. Lá o negócio é mais ``profissional", segundo ele, com recibo e comissão de venda. ``Em um acordo para implantação de produto a música pode entrar ou não na programação. Às vezes entrava, é óbvio. A gravadora não vai mandar um ouvinte para Nova York para assistir o show do Duran Duran se você não tocar a música. Eles é que impõem essa condição", explica Tutinha. Ele revela que a Jovem Pan cobra para implantar um produto novo, desde que esse produto tenha algo a ver com o perfil de seu público. Tutinha afirma que nenhuma rádio deixa de tocar uma música de um grupo conhecido, mas ressalta que as emissoras não têm a obrigação de implantar um produto novo para a gravadora de graça. Ele cita um artista -classificado como ``pepino"- que só toca na Jovem Pan com promoção. ``Não tenho obrigação de tocar o Gabriel O Pensador. Se acham que a Jovem Pan, que tem 15 milhões de ouvintes, deve tocar o Gabriel, vamos fazer uma promoção, ou então eu não toco". O roqueiro Chico Science também é definido como ``pepino". ``Chico Science é um produto que não é comercial. É muito difícil tocar nas grandes rádios. Quer tocar o Chico Science? Então vem e faz o investimento. Vamos fazer uma promoção, mostrar como o disco é legal, igual na TV". A suspensão dos anúncios e das promoções feitas pela gravadoras irritou Tutinha, que avalia ter deixado de arrecadar R$ 50 mil por mês -quantia classificada como ``mixaria". ``Relacionamento entre gravadora e rádio é uma via de duas mãos. Eles fecharam uma e querem que a gente implante produto novo", reclama. A reação foi imediata. A Jovem Pan proibiu a presença de divulgadores das gravadoras na rádio. ``As gravadoras colocam um monte de divulgadores que ficam enchendo o saco e tentando fazer tocar as músicas", diz. Para Tutinha, a história tem um vilão: as gravadoras. ``Quem é o corrupto? É quem dá o `jabá', ou não?", pergunta. (LAR) Texto Anterior: Gravadoras decidem acabar com o jabaculê Próximo Texto: DIZ-QUE-DIZ-QUE Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |