São Paulo, segunda-feira, 7 de agosto de 1995 |
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Buchbinder toca o melhor Liszt do mundo
LUÍS ANTÔNIO GIRON
Buchbinder disse a que veio. Fez um recital memorável. Provou ao mundo musical que é um dos grandes pianistas da atualidade. Interpretou sonatas de Schumann, Beethoven e Liszt e foi chamado à cena sete vezes. O teatro está mais para bunker nazista do que para espaço de recital, que deve ser íntimo, com uma acústica discreta. Foi no Grosses Festpielhaus que o partido nacional socialista alemão fez os discursos de posse da cidade nos anos 30. Não é lugar para recital. Buchbinder, porém, compensou o problema da adequação com um espetáculo de competência como havia muito não se via em Salzburgo. Elevou Schumann e Liszt à condição que têm direito, de criadores da arte pianística. O pianista não detém apenas o arcano da digitação. Sabe que o corpo é importante para a enunciação do discurso musical. Impele-o nas interpretações com um impulso mais do que romântico. O pianista interpretou três peças fundamentais na literatura para o instrumento. Iniciou com a ``Fantasia em Dó Maior Op. 17", do alemão Robert Schumann. A peça é palmilhada de dados expressivos e complexidades técnicas. Peça a um tempo sentimental e atlética, Buchbinder explorou-a com virtuosismo e racionalidade. Tornou transparentes os timbres. A taquicardia sonora de Schumann ficou palatável ao juízo racional. Em Beethoven o pianista é insuperável. Já gravou a integral das 32 sonatas do compositor. Tocou a ``Patética", Op. 13, como nenhum outro é capaz, como se fosse uma primeira e única aparição da obra. Na segunda parte do concerto executou a ``Sonata em Si Menor", de Liszt. E aí o pianista provou também ser o melhor em Liszt. Tudo porque logra controlar o ímpeto romântico e, mais uma vez, deixar claras as formas que integraram a obra original. Texto Anterior: Lorin Maazel se prepara para turnê pelo Brasil Próximo Texto: Divine Brown oferece terapia familiar Índice |
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