São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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OAB faz projeto sobre mortes

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) quer que a União indenize os familiares de todos os ativistas políticos de oposição mortos no regime militar, desaparecidos ou não.
A entidade também quer a apuração das circunstâncias em que as mortes ocorreram e a localização das ossadas. Esses três pontos estão em um anteprojeto de lei sobre o assunto que a OAB-SP encaminhará a todos os líderes partidários do Congresso na próxima semana.
A proposta da OAB-SP está mais próxima da posição dos familiares dos mortos políticos do que o projeto do governo federal.
Ela reconhece a responsabilidade do Estado em relação às 369 mortes ocorridas durante o regime militar (152 desaparecidos e 217 já declarados mortos).
O projeto do governo deve se restringir a 136 desaparecidos. Os familiares receberiam atestados de óbito que comprovam as mortes e uma indenização que pode variar de R$ 100 mil a R$ 150 mil.
A OAB-SP propõe o pagamento de dois tipos de indenização. Uma, semelhante à pretendida pelo governo, cobre danos materiais.
A família recebe valor calculado sobre o salário presumido e o número de anos que o morto trabalharia se estivesse vivo. A OAB-SP propõe que esse benefício seja dado às famílias de todos os mortos (369).
A outra indenização, por danos morais, seria paga nos casos em que a família provasse que a morte ocorreu em situações arbitrárias, como no caso de tortura. ``Nessas circunstâncias, o sofrimento da família é agravado", diz Jairo Fonseca, presidente da Comissão de Direito Humanos da OAB-SP.
Fonseca afirma que o esclarecimento das circunstâncias da morte é essencial para a indenização por dano moral. A apuração das mortes é outro ponto que não deve constar do projeto do governo.

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