São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Paciência não pode ser perfeita

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

O iogue Paltrul Riponché ouviu falar de um ermitão com fama de santo. E foi encontrá-lo. "De onde vem você?", perguntou o ermitão.
"Venho de onde minhas costas apontam e vou para onde está voltado meu rosto", respondeu Riponché. "E o senhor, o que faz?"
"Medito há 20 anos sobre a perfeição da paciência", respondeu o ermitão. "Estou certo de ser considerado santo."
"As pessoas já o consideram assim", disse Riponché. "Você conseguiu enganar todo mundo!" Furioso, o ermitão levantou-se e gritou: "Como ousa perturbar um homem que busca a santidade?".
"Ainda falta muito", falou Riponché, sorrindo. "Afinal, depois de 20 anos, onde está a sua paciência perfeita?"

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