São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Melo se apresentava como assessor de Dallari

DA REPORTAGEM LOCAL

Neide Maria Dias, vendedora de planos de saúde da Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas, disse à Folha que participou de uma reunião com Roberto Melo, no Ministério da Fazenda, em São Paulo, onde ele teria se apresentado como assessor técnico do governo.
O encontro, segundo ela, aconteceu no mês de março, quando metade dos 105 mil associados da Classes Laboriosas estava com ação na Justiça contra o aumento das mensalidades.
Em outubro de 94, alegando estar em grave crise financeira, a diretoria da Classes Laboriosas aumentou seus preços em 138%, quando todos os demais planos de saúde estavam congelados.
Dallari começou a negociar uma solução para a crise. A Classes Laboriosas havia dado prazo até 31 de outubro para que os associados aderissem aos planos mais caros ou se desligassem.
Roberto Melo desempenhou papel ativo na negociação e chegou a dar entrevista aos jornais, como assessor de Dallari, anunciando que o governo havia conseguido dilatar o prazo de opção para 31 de novembro.
Neide Dias, apesar de prestar serviço à Classes Laboriosas, endossou o protesto dos associados e se tornou uma das coordenadoras do movimento.
Para provar que o aumento era necessário, a entidade contratou a empresa de consultoria Assistants, que, no final de dezembro, apresentou relatório que concluía por um aumento médio de 133%.
Neide disse que no encontro com Roberto Melo ele lhe teria dito que os associados deveriam fazer um acordo para evitar a falência da entidade.
Como prova do encontro, Neide entregou à Folha um cartão de visitas, no qual Roberto Melo se apresenta como assessor técnico do Ministério da Fazenda.
O cartão, sem o timbre do Ministério, traz dois números de telefones (228-1730 e 228-5834) que pertencem ao gabinete do ministro da Fazenda, em São Paulo.
``Ele me recebeu em uma sala do Ministério, me entregou um cartão de assessor do Ministério e não faz parte do governo? Só posso concluir que há algo de muito errado nisso", declara.
O presidente da Classes Laboriosas, Oswaldo Manecolo, disse que participou de reuniões nas quais Melo estava presente.
A Folha tentou falar com Roberto Melo na sexta-feira à tarde e ontem até as 14h. Na sexta-feira foi deixado recado em sua secretária eletrônica, mas Melo não retornou a ligação.
Ontem pela manhã foi deixado novo recado na secretária eletrônica. À tarde, sua filha informou que ele tinha saído e não sabia nem o local onde se encontrava nem o horário em que retornaria.

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