São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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``Boom" provocou os déficits comerciais

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o ``boom" do primeiro trimestre de 1995 persistisse ao longo do ano, a economia brasileira teria consumido US$ 78 bilhões a mais em bens do que no ano anterior. Em termos percentuais, o crescimento anualizado da absorção de bens para consumo, investimento e acumulação de estoques foi de 30%.
Absorção é o conceito da moda entre os economistas. Significa, a grosso modo, quanto a economia, em um determinado momento, é capaz de consumir -englobando as famílias, as empresas e o setor público. Na prática, absorção é a soma da produção local de bens (excluído o que foi exportado) com as importações.
Mas, ao contrário do que se imagina, a maior parte do impacto produzido pelo crescimento da capacidade de absorção da economia foi respondido por um aumento da produção local de bens.
Segundo cálculos de Fernando Montero, da MB Associados, a produção local cresceu o equivalente a US$ 53 bilhões (a estimativa é anualizada). Esse número representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional) brasileiro, cinco vezes o uruguaio ou a quase totalidade da dívida externa argentina.
Além do aumento da produção local, a explosão do consumo também acabou transbordando para os importados, ``já por si só facilitados pelo câmbio congelado e pela abertura da economia".
O país saiu de uma posição superavitária (exportações maiores que importações) de US$ 15 bilhões para um déficit (importações maiores que exportações) anualizado de US$ 10 bilhões entre o quarto trimestre de 1994 e o primeiro trimestre de 1995.
Na prática, o país dos primeiros meses do Real mostrou fôlego para consumir US$ 25 bilhões (número anualizado) a mais do que a sua capacidade de produzir.
``Até o primeiro trimestre deste ano, parecia haver mercado para tudo e para todos", diz Montero.

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