São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Mais um déficit comercial

DEMIAN FIOCCA

Há meses os contratos de exportação e importação registrados no Banco Central têm um saldo positivo, de entrada de divisas. No mesmo período, porém, o Brasil vem acumulando fortes déficit no embarque efetivo de mercadorias. O que explica essa divergência entre o câmbio contratado e a balança comercial é o acúmulo de dívidas comerciais no exterior.
Para aproveitar as altas taxas de juros, os exportadores vêm aumentando a parcela financiada de suas vendas. Em 1991, os exportadores mantiveram um endividamento médio de US$ 8,4 bilhões. Já no primeiro semestre de 95, essa média passou a US$ 14,8 bilhões.
E o processo foi mais intenso com os importadores. Sua dívida média cresceu de US$ 4,1 bilhões para US$ 19,7 bilhões.
Esses endividamentos passam pelo registro do BC como contratos de câmbio comercial.
O hiato entre o câmbio contratado e o embarque de mercadorias, portanto, não decorre apenas de uma defasagem temporal. Ele descreve a mudança no patamar de financiamento do comércio. É por isso que a defasagem já dura quatro anos, como se vê no gráfico.
Para que o câmbio contratado num dado mês mantenha uma relação estável com os embarques alguns meses depois é preciso que o nível de endividamento não varie. Foi por ignorar esse fato que alguns bancos enganaram-se e previram que a balança comercial seria superavitária em julho. Os dados finais devem sair ainda esta semana. E provavelmente apresentarão déficit de US$ 100 milhões a US$ 300 milhões.

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