São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Efetivação nem sempre é único objetivo

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O estágio terminou e o estudante não foi efetivado. Não é o fim do mundo. Pelo contrário, trata-se de uma tendência internacional.
``Caminhamos rumo à extinção do emprego, não do trabalho. O estagiário não deve ficar preocupado se não for contratado", diz José Atílio Vanin, 50, professor do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo).
``Pode parecer duro, mas não é. Antigamente a universidade formava empregados. Agora forma empreendedores", diz Vanin, que também é vice-diretor da Fuvest, responsável por selecionar por ano cerca de 140 mil estudantes para 8.000 vagas -a maioria na USP.
Na opinião dele, o estágio é tão importante quanto um laboratório bem-feito na universidade.
A idéia é de que haverá mais empresas de pequeno porte, prestadoras de serviço, que conseguirão um preço mais competitivo.
``O emprego para toda a vida não existe mais. Os formados vão empresariar o seu próprio talento", complementa José Augusto Minarelli, 50, diretor-presidente da consultoria Lens & Minarelli.
Ele é autor do livro ``Empregabilidade - O Caminho das Pedras" (editora Gente). Segundo o consultor, é mais importante ``ter empregabilidade do que emprego".
Empregabilidade significa, em resumo, ter qualidades para ter trabalho e remuneração sempre -ou seja, ser ``empregável".
Segundo o consultor, o que cria conflitos com ``valores do passado" é que ``o futuro certamente não está nas grandes empresas nem nas grandes cidades".
Fernando Henrique Cunha, 26, advogado, é exemplo de alguém que prefere apostar na formação antes de conseguir emprego.
Já fez três estágios, um na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Não foi efetivado.
``Tenho outros projetos, como fazer cursos no exterior. Depois é que vou pensar em uma colocação. Não fiquei chateado. Eles já tinham os quadros preenchidos."
Outro que não foi efetivado imediatamente após o estágio é Luiz Alberto de Luca, 34, hoje gerente da Philips, onde estagiou há 11 anos. Depois, participou de um processo de seleção na empresa. ``O fato de ter sido estagiário ajudou", afirma.

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