São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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`Assessor' Melo recebeu dinheiro do FSE

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O médico aposentado Roberto de Melo recebeu dinheiro do Fundo Social de Emergência no dia 15 de março para pagar diárias de viagem, apesar de não ter vínculos formais com o governo.
Melo é amigo do ex-secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, e apresentava-se como assessor técnico do Ministério da Fazenda ao indicar amigos para serviços de consultorias de empresas.
A atividade de Melo foi revelada pela Folha no domingo. Ele está desaparecido desde então.
Dallari afirma que desconhecia a atividade de Melo. Mas a verba que serviu para pagar as diárias de viagem foram de um programa relacionado à área de Dallari no Ministério da Fazenda.
A Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento) pagou R$ 167,97 para reembolsar diárias de 16 a 17 de fevereiro de 95 do médico aposentado. O dinheiro saiu do programa ``Política Nacional de Abastecimento e Preços", de acordo como Siafi (sistema informatizado que monitora os gastos do governo).
"Aparentemente o dinheiro do Fundo Social de Emergência foi utilizado até para fazer lobby, afirma o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), que descobriu os gastos no computador.
Além de considerar a despesa injustificada, ele aponta uma irregularidade: o governo classificou o pagamento de Melo como ``diária e encargos pessoais". Isso só é permitido para funcionários do governo. Quem é de fora pode receber diárias de viagem se for classificado como ``colaborador".
Carvalho acha que o médico aposentado, que se fazia passar por assessor do governo, teve outros gastos pagos pelo governo. ``Se ele recebeu diárias deve ter tido passagem e hospedagem também pagos pelo governo. Só que nos casos destes gastos o Siafi não registra os nomes das pessoas."
A equipe econômica é responsável pela convocação de Melo para trabalhar informalmente como assessor do Ministério da Fazenda em negociações de preços.
A afirmação foi feita pelo secretário demissionário José Milton Dallari durante depoimento prestado ontem na Câmara.
Nenhum membro da equipe econômica retornou as ligações da Folha para falar sobre o assunto até as 23h30 de ontem.

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